MARX E SPINOZA:
UM DIÁLOGO (IM)POSSÍVEL? (PARTE I)
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v12i1.60406Palavras-chave:
Marx e Spinoza, A ontologia espinozana, Ética, moral e política, A tensão descrição-prescriçãoResumo
O presente ensaio, valendo-se da ontologia spinozana (expressa quer na sua ‘Ética’ (1996, 2007, 2011) , bem como em outras obras, a exemplo do ‘Tratado teológico-político’(1991, 2004, 2014) , no ‘Tratado Político’ (1977, 2009) e nas suas ‘Epístolas’ (2008) , para mencionar as relevantes aos fins aqui propostos), tem como objeto refletir acerca da leitura e apropriação (não-sistemáticas) que Marx fez de Spinoza, indagando, enquanto problema de pesquisa se, tendo sido Spinoza duplamente perseguido – pelo rabinato que o excomunga e pelo calvinismo que ocupa o Estado holandês, pondo fim a um período iluminista de tolerância ao pensamento – com qual desses Spinoza Marx se identificava: com o judeu excomungado ou com o filósofo político tentando sobreviver a um Estado não-esclarecido? Trata-se, noutros termos, de pensar se o recurso a Spinoza era tão somente um modo de Marx, através da leitura do TTL, de algumas das cartas trocadas com seus pares , bem como com as categorias da sua ‘Ética’, refletir sobre a miséria política e social da realidade em que se vivia. Nossa hipótese inclina-se pelo reconhecimento da relevância dessa última questão, que é reformulação de uma única e mesma indagação, posta de diversas formas. O fato é que Spinoza é recorrente quer em Marx, quer em seu parceiro de diálogo e formulação permanente, Engels. Assim e por isso, a presente investigação reflete como questão de fundo, o que, por um lado, a filosofia Spinozana teve a dizer aos fundadores desse campo de pensamento e, por outro lado, em contrafação, o que a tradição fundada pelos dois parceiros intelectuais absorveu das reflexões postas pelo polidor de lentes. Trata-se quanto ao método, como se deflui do exposto, de uma pesquisa puramente bibliográfica.
Downloads
Referências
a) Obras de Spinoza
SPINOZA, Baruj. Tratado teológico político. Pamplona (ESP): 2014
_____. Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2011
_____. Tratado político. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
_____. Correspondencia. Madrid: Alianza, 2008.
_____. Ética (edição bilíngüe Latim-português). Belo Horizonte: Autêntica, 2007
_____. Epistolario. Buenos Aires: Colihue, 2007
_____. Tratado teológico-político. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2004
_____. Ethics. London: Peguin books, 1996.
_____. The Collected Works of Spinoza. (Ed.: Edwin Curley). London: 1966.
_____. Tratado político. Madrid: Alianza Editorial, 1986
_____. Tratado da correção do intelecto. In: Espinosa (Série “Os pensadores). São Paulo: Abril cultural, 1983
_____. Tratado político. In: Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1977
_____. Theologico-political treatise. London. 1991. In: Spinoza’s works, London: 1976.
b) Demais autores:
ADORNO, Theodor W. O ensaio como forma. In: Notas de Literatura I. São Paulo: Edições 34 (Coleção espírito crítico), 2003
BOUVERESSE, J. Prodígios e vertigens da analogia. Oeiras (Portugal): Celta, 1999
CHAUÍ, M. A nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa São Paulo: Companhia de letras, 2016
_____. A definição real na abertura da Ética I de Espinosa. In: Caderno de História da Filosofia das ciências. Campinas (SP), série 3, vol. 11, nº 1, p. 07-28, jan.-jun. 2001
DELLA VOLPE, Galvano. A lógica como ciência histórica. Lisboa: Edições 70, 1984
DELEUZE, G. Espinosa: Filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002
CAMPOS, Cláudio. Socialismo e liberdades democráticas. In: BS, 1976.
DUTRA, Izac. Sociedade, poder punitivo e direito penal. São Paulo, Página 8, 2015
ÉSQUILO. Prometeu acorrentado. São Paulo: Rideel, 2004.
FARIAS BRITO, Raimundo de. Finalidade do mundo: estudos de filosofia e teleologia naturalista. Brasília: Senado Federal, 2012 (3 v.)
FEITOSA, Enoque. Forma jurídica e concretização: para uma ontologia do jurídico. In; Revista jurídica da UNICURITIBA, v. 2, nº 47, 2017
_____. Forma jurídica e método dialético: a crítica marxista ao direito. In: Prim@Facie, v. 12, nº 23, 2013
_____. O discurso jurídico como justificação. Recife: EDUFPE, 2008
_____. Direito e humanismo no jovem Marx. João Pessoa: EDUFPB, 2017
_____; FREITAS, L. Direito e filosofia da práxis: a teoria do direito entre descrição e prescrição. In: Marxismo e Direito. GT CONPEDI/UFPB (coordenadores: Enoque Feitosa; Enzo Bello, P. H. Tavares). Florianópolis: CONPEDI, 2014. Disponível em: http://publicadireito.com.br/publicacao/ufpb/livro.php?gt=219
FEUERBACH, L. La esencia del cristianismo. Buenos Aires: Claridad, 2006
GAINZA, Mariana de. A negatividade interrogada. Espinosa entre Bayle e Hegel. In: Cadernos Espinosanos, nº 16, 2007
GALILEI, Galileu. Ciência e fé. São Paulo: UNESP, 2009
HEGEL, G. W. F. Leciones sobre la historia de la filosofia (Trad.: W. Roces). México: Fondo de Cultura, 1955
_____. Enciclopédia das ciências filosóficas em epítome. (3 VOLS.). Lisboa: Edições 70, 1969.
_____. Ciencia de La lógica (tradução: Augusta y Rodolfo Mondolfo). Buenos Aires: Solar-Hachette, 1976
_____. Lecciones sobre Filosofia de la Religión. Madrid: Alianza, 1984
_____. Ciência da lógica (3 volumes). Petrópolis: Vozes, 2016
HUME, D. A arte de escrever ensaio. In: A arte de escrever ensaio e outros ensaios. São Paulo: Iluminuras, 2011
_____. A treatise of human nature. London: University of Oxford, 1996
LEFEBVRE, Henri. Lógica formal e lógica dialética. Rio de Janeiro. Civilização, 1991
LICHTENBERG, Georg Christoph [1742-1799]. Philosophical writings. New York: Sunny Press, 2012
MACHADO DE ASSIS, J. M. Poesias completas - Ocidentais. In: Obra Completa, vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
_____. Teatro Completo. São Paulo: Mérito, 1961
MACHEREY, Pierre. Hegel or Spinoza (translated by Suzan Ruddick). Minneapolis: University of Minnesota Press, 2011
MATHERON, Alexandre. The theoretical function of democracy in Spinoza and Hobbes (translated by Ted Stolze). In: The new Spinoza (Warren Montag & Ted Stolze – editors). Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997
_____. Le Traité Théologico-Politique vu par le jeune Marx. In: Cahiers Spinoza, Paris, nº 1, pp. 29-157, 1977.
_____. Individu et communauté chez Spinoza. Paris: Les Éditions de Minuit, 1988
MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. São Paulo: Edições 34, 2016.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001
_____. Resposta a pergunta: o que é o esclarecimento? (texto bilingue). In: Cognitio: Revista de Filosofia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 145-154, jan./jun. 2012.
PEIRCE, C. S. Philosophycal Writings. NY: Dover, 1965
PRADO JR., Caio. Introdução à lógica dialética. São Paulo: Brasiliense, 1969
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discours sur l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les homes. In: Oeuvres complètes (direction: Jacques Berchtold, François Jacob, Yannick Séité). Paris: Garnier, 2012
SANTIAGO, Homero. Espinosa contra a ditadura militar brasileira. In: Santa Barbara Portuguese Studies - Digital edition (University of California Santa Barbara), vol. 2: A presença de Espinosa nas culturas de língua portuguesa (Ed.: Maria Luísa Ribeiro Ferreira)
SOKAL, BRICMONT. Imposturas intelectuais: o abuso da ciência pelos filósofos pós-modernos. Rio de Janeiro: Record, 2001
VVAA. Enciclopédia de termos lógico-filosóficos. [Editores: João Branquinho, Desidério Murcho, Nelson Gomes]. São Paulo: Martins Fontes, 2006
YOVEL, Yimirhayu. Spinoza, el marrano de la razón. Madrid: A.-M. Muchnik, 1995.
c) Obras de Marx e Engels
MARX, K. H. Cuaderno Spinoza (Traducción, estúdio preliminar y notas: N. G. Varela). Barcelona: Montesinos, 2012
_____; ENGELS, F. Marx & Engels collected works. London: Lawrence and Wishart, 2010.
_____. Quaderno Spinoza (1841). (A cura di Bruno Bongiovanni con um saggio de Alexandre Matheron). Torino: Bollati Borighieri, 1987
_____. Escritos de juventud. Mexico: Fondo de Cultura, 1982
_____; _____. Marx & Engels - Obras escolhidas. Lisboa/Moscou: Progresso, 1972.
_____. Diferença entre as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro. Lisboa: Estampa, 1972
_____; _____. Marx und Engels Werke. Berlin: Dietz Verlag, 1968.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Enoque Feitosa
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).