De passivas a heroínas, de órfãs a cangaceiras eróticas: um breve debate teórico sobre as mulheres sertanejas na pornochanchada
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2019v24n41.46936Resumo
As representações das cangaceiras no cinema nacional é o centro desse artigo. O objetivo do trabalho é a partir da teoria feminista do cinema problematizar a imagem feminina como objeto passivo para o olhar do sujeito masculino. Tal problematização e as contribuições da teoria feminista do cinema serão utilizados para a breve análise do filme As Cangaceiras Eróticas (1974), que na sua narrativa trouxe uma contraposição ao modelo hegemônico cinematográfico em relação a definição dos personagens masculinos como o ego ideal do espectador, a expressão da virilidade e das mulheres como as reguladoras das tensões, aquela que se apaixona pelo mocinho e torna-se propriedade do mesmo. O filme a ser analisado é uma pornochanchada: As Cangaceiras Eróticas. A obra é considerada uma comédia e um thriller de aventura, onde o enredo gira entorno do cotidiano de um bando de cangaceiros ambientados com alguns elementos da cultura nordestina. A história se passa no ambiente inóspito do sertão, no qual, um grupo de mulheres decidem entrar para o Cangaço motivadas por vingança e para não se tornarem escravas de “empresários ou de marido”. Estas personagens (a cangaceiras, os(as) sertanejos(as)) são o objeto de análise do trabalho. A breve discussão teórica que pautará a análise fílmica partiu dos questionamentos do movimento feminista a esse modelo de cinema, que produziu uma disputa entorno das relações de gênero nas produções cinematográficas. O artigo fará uma breve exposição do contexto histórico que tais questionamentos ganham destaque, pós maio de 1968, onde o ceticismo em relação as teorias totalizantes colocou a produção cinematográfica ao lado de questões alinhadas aos direitos sexuais e reprodutivos, de combate ao racismo e a defesa do amor livre.