Democracia e direitos humanos como ideologia: as críticas de Jürgen Habermas à política de poder unilateral norteamericana e à ONU
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.2016.43553Palavras-chave:
Jürgen Habermas, Democracia transnacional, Direitos humanos, Direito imperial, Ideologia, ONUResumo
O artigo está dividido em duas partes. A primeira trata da crítica de Habermas à concepção ética do projeto americano de moralização do direito internacional, de colocar o ethos no lugar do direito, à política externa unilateral e militar que ignora o direito, rejeita a Organização das Nações Unidas (ONU) e despreza pontos de vista normativos da democracia e dos direitos humanos, denunciados por Habermas como ideológicos, do quanto esta interpretação unilateral hegemônica do direito internacional está vinculada à razão neoliberal e seu modelo de sociedade mercantil mundial que visa substituir o mecanismo regulador da política pelo do mercado. Para Habermas, há um parentesco entre o programa neoliberal de produção de uma sociedade do direito privado em escala mundial e as estruturas econômicas globais existentes, e que isso não passa de um projeto de sociedade exportado pelo governo americano a partir de uma teoria da modernização interpretada pelo Consenso de Washington e pela Escola de Chicago que visa subtrair os processos sociais básicos do controle político pelo controle econômico. Em contrapartida, uma ordem unipolar hegemônica, uma justificação ética de um procedimento unilateral que invoca valores da sua própria cultura como supostamente universais, não seria recomendável por razões normativas, pois não garante discernir seus próprios interesses nacionais daqueles que poderiam ser generalizados e comungados com outros países. A segunda parte trata das críticas, reformas e desafios da ONU. Embora algumas inovações do direito internacional tenham fortalecido o peso político da ONU, seria indispensável uma reforma na estrutura institucional para uma maior eficiência no sentido de uma constituição política de uma sociedade mundial, e que seja capaz de, não apenas orientar, mas também implementar institucionalmente os elementos normativos da democracia e dos direitos humanos. A não incorporação institucional é um dos principais limites para o aprofundamento democrático das instituições transnacionais existentes.
Downloads
Referências
BRUNKHORST, Hauke. Legitimationskrisen: Verfassungsprobleme der Welgeselschaft. Baden-Baden: Nomos, 2012.
BRUNKHORST, Hauke. (Ed.). Demokratie in der Weltgeselschaft. Baden-Baden: Nomos, 2009.
HABERMAS, Jürgen. Im Sog der Technokratie. Berlin: Suhrkamp, 2013.
HABERMAS, Jürgen. Zur Verfassung Europas: Ein Essay. Berlin: Suhrkamp, 2011.
HABERMAS, Jürgen. Ach Europa: Kleinen Politischen Schriften. Frankfurt: Suhrkamp, 2008.
HABERMAS, Jürgen. Zwischen Naturalismus und Religion. Frankfurt: Suhrkamp, 2005.
HABERMAS, Jürgen. Der gespaltene Westen. Frankfurt: Suhrkamp, 2004.
HABERMAS, Jürgen. Zeit der Übergänge. Frankfurt: Suhrkamp, 2001.
HABERMAS, Jürgen. Die postnationale Konstellation. Frankfurt: Suhrkamp, 1998.
LUBENOW, Jorge A. O Ocidente dividido: o impacto da globalização econômica neoliberal na integração política da União Europeia. Aufklärung: Revista de Filosofia, v.4, n.3, p. 119-134, 2017.
LUBENOW, Jorge A. A redefinição do perfil político da Europa de estatal-social para econômico-liberal: uma análise crítica a partir de Jürgen Habermas. Aufklärung: Revista de Filosofia, v.3, n.2, p. 95-112, 2016.
LUBENOW, Jorge A. The paradox of technocratic democracy and the democratic deficit of european institutions by Jürgen Habermas. Aufklärung: Revista de Filosofia, v.2, n.2, p. 103-122, 2015.
LUBENOW, Jorge A. Hauke Brunkhorst e o conceito de solidariedade democrática como crítica à esfera pública pós-nacional de Jürgen Habermas. Veritas: Revista de Filosofia (PUC-RS), v. 58, n.1, p. 118-130, 2013.
LUBENOW, Jorge A. & SILVA, Bartolomeu L. da. Esfera pública 50 anos depois. Dossiê Revista Problemata, v.3, 2012.
LUBENOW, Jorge A. & SILVA, Bartolomeu L. da; AZEVEDO, Edmilson A. de. Habermas 80 anos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010, 2v.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Política de Direito Autoral para os itens publicados pela Revista:
1.Esta revista é regida por uma Licença da Creative Commons aplicada a revistas eletrônicas. Esta licença pode ser lida no link a seguir: Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).
2.Consonante a essa politica, a revista declara que os autores são os detentores do copyright de seus artigos sem restrição, e podem depositar o pós-print de seus artigos em qualquer repositório ou site.
Política de Direito de Uso dos Metadados para informações contidas nos itens do repositório
1. Qualquer pessoa e/ou empresa pode acessar os metadados dos itens publicados gratuitamente e a qulquer tempo.
2.Os metadados podem ser usados sem licença prévia em qualquer meio, mesmo comercialmente, desde que seja oferecido um link para o OAI Identifier ou para o artigo que ele desceve, sob os termos da licença CC BY aplicada à revista.
Os autores que têm seus trabalhos publicados concordam que com todas as declarações e normas da Revista e assumem inteira responsabilidade pelas informações prestadas e ideias veiculadas em seus artigos, em conformidade com a Política de Boas Práticas da Revista.