A cena muda: O instante óptico do Bumba-Meu-Boi no Maranhão

Autores

  • Reinilda Oliveira UEMA

Resumo

O Bumba Meu Boi surgiu no século XVIII no Maranhão e é considerado atualmente símbolo de maranhensidade, além de ser a festa mais marcante da cultura popular do estado e acontece em homenagem ao protetor do auto, São João. A brincadeira desnuda uma das facetas dos saberes e fazeres populares e todo ano, sobretudo, no período de São João, as ruas se embebem aos sons dos bumbas. Os grupos de Boi do Maranhão, pensados em uma visão geral são divididos em cinco sotaques (estilos, formas e expressões). Contudo, é válido destacar que há variantes no seio de cada sotaque.

*Boi de matraca, mais conhecido em São Luís do Maranhão, tem como principal instrumento a matraca, dois pedaços de madeira que são batidos um no outro, e o pandeiro rústico, tem um ritmo bem acelerado, embalado por dezenas de atraqueiros.

*Boi de zabumba, forte na região de Guimarães e arredores, tem como  puxadores o ritmo africano das zabumbas, tambores bem grandes socados por uma maceta, pandeirinhos e matracas também participam, mas somente como complementos. Os brincantes usam roupas aveludadas, saias amplas bordadas e chapéus cheios de fitas que quase cobrem seu rosto.

*Boi de orquestra, tem origem na região de Munim, seu ritmo é festivo e de muita alegria. Seu destaque é uma banda com instrumentos de sopro e corda, os participantes também têm trajes de veludo com ricos bordados e miçangas e dançam ao som de saxofones, banjos e clarinetas.

*Boi da baixada, tem o som mais leve e lento, apesar de também usar pandeiros e matracas. Na verdade, é o toque ritmado que dá o tom suave. A roupa vem com penas e bordados em bases de veludo e chapéus suntuosos. Cazumba, bicho e homem, são personagens características desse sotaque.

*Boi de costa de mão, surgido na região de Cururupu e proximidades, esse sotaque vem embalado por um ritmo cadenciado ao som de pandeiros tocados com as costas da mão, caixas e maracás. As roupas também têm bordados em calças e casacos e seus chapéus em cogumelo funil são adornados com flores.

Essas imagens são frutos de andanças por alguns municípios do Estado, a exemplo de Bacuri, Cururupu, Santa Inês e Pindaré Mirim e resultantes de participações em alguns eventos e projetos de pesquisa como Itinerância da cultura (2015), Escola da terra (2016) e Fábrica de Ideias em (2017). Além disso, conecta-se com minha atuação em museus de cultura popular e com a pesquisa desenvolvida no mestrado, que visa pensar a relação entre cultura afro brasileira e educação. O objetivo principal é desnudar e compreender um pouco mais a diversidade que permeia o estado. Entre as batidas dos tambores capturei situações inusitadas, emoções, sorrisos e, sobretudo, a energia que é
inerente aos brincantes.

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Publicado

2017-11-22