Medo e desconfiança na pesquisa etnográfica com crianças pequenas em espaços escolares
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2447-9837.2021.n13.63578Abstract
Pesquisas em ambientes institucionais colocam crianças e pesquisadores em posição de vigília, submetidos a regras de conduta que fogem da experiência de ambos – situação potencializada por padrões comportamentais imageticamente construídos. Destarte, espera-se que o/a pesquisador/a, como tal, porte aparatos de pesquisa como lápis, caderninho, gravador e questionários, dentre outros e, principalmente, que realize pesquisas com adultos.Tais artefatos e expectativas reforçam o imaginário social do pesquisador e do fazer pesquisa. Objetivamos problematizar o papel daquele/a que propõe realizar pesquisa com crianças nesses ambientes, frente às desconfianças e medos que as autoridades escolares têm sobre a figura do/a pesquisador/a que assume essas pesquisas a partir de técnicas mais específicas (desenhos, brincadeiras, observação par-
ticipante). Para análise, partimos de duas experiências etnográficas com crianças nas cidades de João Pessoa (PB) e Orobó (PE). Supunha-se que as pesquisas se voltavam mais para uma fiscalização educacional do que para um interesse específico na escuta das crianças. Consideramos que, na medida em que se desconfia do pesquisador, também se nega a agência da criança; contudo, ao fiscalizar a criança durante a pesquisa, evidencia-se o medo sobre o que elas têm a dizer/denunciar, reconhecendo-as como agentes sociais portadores da crítica social.
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