A saúde da mulher e a Nova Caderneta da gestante: um palco de interações e disputas na implementação de políticas públicas do/no corpo da mulher

Autores

  • Vitória Duarte Wingert FEEVALE\UFSM\IFSUL
  • Jacinta Sidegum Renner Universidade Feevale

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2023v36n1.66581

Palavras-chave:

Saúde da Mulher, Corpo e Gênero, Humanização do nascer, Maternidade

Resumo

Um grande palco de tensões e contestações está ocorrendo desde a extinção da política pública do Rede Cegonha (2011), que ocorreu no mês de abril de 2022 e a implementação de sua substituta, a Rede de Atenção Materno Infantil (RAMI). A primeira medida tomada pela RAMI foi o lançamento de uma Nova Caderneta da Gestante, em maio de 2022, documento considerado preocupante e retrógrado para pesquisadores e profissionais da saúde que se preocupam com a assistência humanizada. O objetivo deste estudo esteve focado em analisar se a Nova Caderneta está ou não alinhada um dos principais pilares da saúde que é a humanização do nascer a partir da perspectiva do protagonismo feminino. Para isso, foi realizada a análise da antiga (2011) e da nova caderneta (2022), buscando entender as características e especificidades de cada uma. Também recorremos a netnografia para entender as interações realizadas na rede social Instagram, por profissionais e pesquisadores da área da saúde que se posicionavam contra a implementação da RAMI e da Nova Caderneta. Os dados das cadernetas foram triangulados a partir de documentos do Ministério da Saúde e de órgãos internacionais que deveriam ser tomados como parâmetro na criação destas políticas. Autores que refletem sobre a sociologia do corpo e corporeidade foram utilizados a fim de compreendermos as concepções sociais dos corpos grávidos e a relação com saúde.  Os resultados indicaram que a Nova Caderneta não está alinhada aos pilares da assistência humanizada, tirando o protagonismo feminino e o direito de a mulher Ser protagonista da sua saúde e bem estar. Além do mais, difunde e incentiva práticas obstétricas, antes rotineiras, mas que atualmente se mostraram sem nenhuma evidência científica. Por isso a importância de pensar a implementação de políticas públicas que respeitem a diversidade e a multiplicidade dos corpos e sejam inclusivas.

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Biografia do Autor

Vitória Duarte Wingert, FEEVALE\UFSM\IFSUL

Historiadora formada pela Universidade FEEVALE (2016). Especialista em Literatura Infantojuvenil (FISIG)e Especializanda em: Ensino de Filosofia para Ensino Médio pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Mídias na Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense(IFSUL). Mestranda do PPG de Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale, sendo que foi aprovada em primeiro lugar no processo seletivo. Atualmente é professora concursada na Rede Municipal de Campo Bom. Atua pesquisando principalmente os seguintes temas: o ensino de História, cinema e ensino, e práticas docentes inovadoras.

Jacinta Sidegum Renner, Universidade Feevale

É doutora e mestre em Engenharia de Produção com enfase em Ergonomia (UFRGS). Fez especialização em Saúde e Trabalho (UFRGS/CEDOP), graduada em Fisioterapia pela Universidade Feevale (1997). Atualmente é professora/pesquisadora e do Programa (Doutorado e Mestrado) em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Universidade Feevale. E editora chefe da Revista Conhecimento Online, vinculada ao PPG Diversidade Cultural e Inclusão Social, da Universidade Feevale. É lider do Grupo de Pesquisa em Design da Universidade Feevale. É avaliadora ad hoc do CYTED (Programa Iberoamericano De Ciencia Y Tecnologia para el Desarollo). É diretora da Qualivida Consultoria em Saúde Ltda. que presta serviços em ergonomia e qualividade de vida no trabalho. Integra a Diretoria da ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia). Foi coordenadora do Grupo Técnico de Ergonomia da ABICALÇADOS. É certificada como ergonomista na categoria Sênior pela ABERGO. É conselheira da FIERGS e participa do Grupo de Estudos do Ambiente de Trabalho - GEAT/CONTRAB - FIERGS. Tem experiência profissional e acadêmica na área de Engenharia de Produção com ênfase em Ergonomia, atuando principalmente nos seguintes temas: ergonomia, Inclusão de pessoas com deficiência no trabalho, tecnologias assistivas, processo e organização do trabalho, gestão em saúde e segurança e qualidade de vida no trabalho. Atua com uma equipe de pesquisadores em design na projeção e prospecção de produtos de design inclusivo e Tecnologias Assistivas para pessoas com deficiência, acamados e idosos.

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Publicado

2023-12-28

Como Citar

DUARTE WINGERT, V.; SIDEGUM RENNER, J. A saúde da mulher e a Nova Caderneta da gestante: um palco de interações e disputas na implementação de políticas públicas do/no corpo da mulher. Revista Ártemis, [S. l.], v. 36, n. 1, p. 188–203, 2023. DOI: 10.22478/ufpb.1807-8214.2023v36n1.66581. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/artemis/article/view/66581. Acesso em: 22 dez. 2024.