Conhecimento tradicional numa comunidade rural do nordeste brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1981-1268.2017v11n1.35053Resumo
A comunidade Novo Nilo (04º 24’ 13” S e 42º 53’ 22’’ W) situa-se à margem direita do rio Parnaíba a uma distância de 80 km da capital do estado, Teresina. O estudo etnobotânico foi realizado objetivando conhecer as relações entreos moradores da referida comunidade e a vegetação local, apontando as espécies úteis e tradicionalmente utilizadas pela comunidade. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 202 membros e turnê-guiada com 10 informantes-chave. O material botânico encontra-se incorporado no Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Os dados quantitativos levantados foram: Valor de Uso (VU) e Fator de Consenso dos Informantes (FCI). Identificaram-se 150 espécies, distribuídas em 56 famílias e 126 gêneros. As famílias mais representativas foram Leguminosae (9,33%) e Euphorbiaceae (6,00%), sendo identificadas oito categorias de uso, das quais, as que obtiveram os maiores números de citações foram: medicinal (94), alimentícia (68) e ornamental (30). Attalea speciosa Mart. ex Spreng. (babaçu) foi a mais versátil, estando incluída em seis categorias de uso e apresentando VU igual 3,6, seguida por Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore (carnaúba) com VU=1,96, Mangifera indica L.(manga) com 0,70, Citrus aurantium L. (laranja) com 0,58 e Lippia alba (Mill.) N. E. Br. (erva-cidreira) com 0,57. Os moradores, sobretudo as pessoas mais idosas, demonstraram conhecer e utilizar os recursos vegetais, revelando a importância desses para a sobrevivência biológica da comunidade.