As dinâmicas de poder na apropriação dos recursos hídricos: estudo de caso da bacia hidrográfica do rio Urussanga, SC
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1981-1268.2020v14n4.55058Resumo
Vivemos um contexto de estresse hídrico decorrente do modelo econômico hegemônico responsável por uma crise ambiental planetária sem precedentes, que vem causando a devastação dos ecossistemas e o desequilíbrio ecológico. Tal quadro pode ser constatado na Bacia Hidrográfica do rio Urussanga, Sul de Santa Catarina, onde atividades econômicas, como a mineração de carvão, promoveram severa degradação ambiental, contaminando solo, água e ar. Trata-se da bacia catarinense de menor área, porém com passivos ambientais ainda sem intervenção. Diante desse cenário, o presente trabalho buscou analisar as dinâmicas de poder determinantes na apropriação dos recursos hídricos nesse território. Para tanto, realizou-se pesquisa de abordagem qualitativa, nas modalidades bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso, utilizando-se instrumento de análise com enfoque na apropriação de recursos comuns. Como resultados, constatou-se sobreposição de poder do setor econômico em relação ao interesse coletivo, como na gestão da água, cuja atuação de um setor alinha-se aos segmentos políticos, identificando-se fatores que evidenciam assimetria nos espaços de tomada de decisão. Nesse contexto, o carbonífero se destaca, utilizando estratégias como financiamento de campanhas políticas para se manter, mesmo diante de indicadores de insustentabilidade. Concomitantemente, os instrumentos legais de tutela da água mostram-se insuficientes para evitar a sua poluição.