ENUNCIAÇÃO E TENSIVIDADE NO DISCURSO DA MÍDIA JORNALÍSTICA SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-9979.2021v16n2.58832Palavras-chave:
Semiótica. Enunciação. Tensividade. Manchetes. Coronavírus.Resumo
Este artigo examina como a enunciação modula a tensão entre a dimensão inteligível e sensível do discurso em manchetes e leads (estes, quando presentes e pertinentes) de notícias da mídia jornalística sobre a pandemia do Coronavírus, produzindo efeitos de sentido que colaboram não somente para a adesão do leitor/enunciatário ao ponto de vista adotado pelos portais jornalísticos, mas também para a construção de imagens discursivas diversas desses enunciadores. Supõe-se que, dependendo do tipo de estratégia enunciativa mobilizada no texto, produzem-se efeitos de sentido tanto da ordem da intensidade, relacionada à dimensão mais afetiva e sensível do discurso, quanto da ordem da extensidade, referente à dimensão mais racional e inteligível do discurso. Adota-se como base teórico-analítica o ponto de vista sobre enunciação apresentado pela Semiótica Discursiva (GREIMAS, 1974; GREIMAS e COURTÉS, 2008), assim como elementos da Semiótica Tensiva, um dos desdobramentos atuais da Semiótica clássica (FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001; ZILBERBERG, 2011). Observa-se, nos textos analisados, que o modo de enunciar de cada jornal funciona como estratégia de persuasão, à medida que quanto maior for a presença da enunciação no enunciado, mais emocional, afetiva e sensível a significação se tornará. Por outro lado, quanto menor for a presença da enunciação no enunciado, mais inteligível, analítica e racional será a significação. Assim, o enunciatário pode interpretar, por exemplo, uma manchete sobre um mesmo fato ora como mais sensacionalista, ora como mais crítica, o que pode levá-lo a considerar o jornal tanto como tendencioso quanto como imparcial, dependendo de sua adesão ou não aos conteúdos colocados tensivamente em discurso.