Uma reflexão sobre o objeto de uma percepção ‘bem sucedida’
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.2016.35586Keywords:
objeto intencional, observação, percepção, Sorensen, van Fraassen.Abstract
Como testemunha a vasta produção de artigos e livros a respeito do assunto, observação e observabilidade constituem um tema crucial na filosofia da ciência. A filosofia da percepção, por sua vez, representa uma área da estudos que se afirmou de modo importante nas últimas décadas. Apesar disso, aparentemente, as principais teorias sobre a observação que se encontram na literatura negligenciaram a questão de determinar qual seria o objeto de uma percepção ‘bem sucedida’. Uma consequência disso foi o surgimento, em época recente, de teses que, apesar de decorrerem de teorias reconhecidas e, prima facie, completas e satisfatórias, ainda assim são paradoxais. É o caso das afirmações de van Fraassen acerca da (suposta?) observação de imagens e arco-íris (cf. 2001 e 2008) e daquelas de Sorensen acerca daquilo que de fato vemos durante um eclipse (cf. 2008). Após apresentar uma possível caracterização do objeto da percepção, para a qual não há necessidade de deter-se sobre o tema da intencionalidade, neste trabalho será mostrado que uma devida atenção a esse assunto, juntamente com o reconhecimento de que a observação é uma ação, na qual o sujeito desempenha um papel deveras ativo, permitiria evitar chegar a conclusões que não parecem ser corretas, como aquelas que acabaram de ser mencionadas. Qualquer teoria acerca da observação somente será completa e satisfatória, enfim, se a determinação do objeto da percepção estará contemplada nela.Downloads
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