De Um Ponto De Vista Filosófico, Poderá O Budismo Ser Uma Ciência Anti-Sacrificial?

Autores

  • Francisco Felizol Marques

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.2016.18505

Palavras-chave:

Girard, budismo, ignorância, desejo mimético, violência

Resumo

Tanto na tradição budista como no pensamento de Girard a ignorância e o desejo estão na base do sofrimento e da violência. A tradição budista coloca a ignorância, de que nada existe em si e por si, avydia, como causa de todos os sofrimentos ao gerar uma cadeia de desejo / aversão que nos leva a uma prisão desejante de objecto em objecto. A perspectiva girardiana coloca na origem da violência a ignorância do nosso desejo mimético. O sujeito ignora que, longe de ser livre, autónomo e diferenciado como lhe reza a “mentira romântica”, só deseja e quer por imitação de um modelo. Nem o sujeito existe livre por si, nem o objecto que julga livremente desejar. Enquanto este modelo vigorar, reagirá mais e mais violentamente às pretensões do sujeito; e mesmo que o sujeito ultrapasse seu modelo, buscará sofregamente outro e outro modelo, sempre condenada a uma insatisfação. Se a isto juntarmos a proximidade anti-sacrificial das duas perspectivas, patente na proximidade descritiva da roda do samsara e do tempo circular e sacrificial duma sociedade pagã, encontramos entre Girard e a tradição budista suficientes pontos comuns para um entendimento.

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Biografia do Autor

Francisco Felizol Marques

Doutorando em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras), Mestre em Filosofia e Membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

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Arquivos adicionais

Publicado

2014-03-19

Como Citar

Marques, F. F. (2014). De Um Ponto De Vista Filosófico, Poderá O Budismo Ser Uma Ciência Anti-Sacrificial?. Aufklärung: Revista De Filosofia, 1(1), p.137–154. https://doi.org/10.18012/arf.2016.18505