A inversão fenomenológica: circularidade do mundo como mudança de paradigma em Martin Heidegger
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.2019.46216Palavras-chave:
Ontologia, Fenomenologia, Ser-no-mundo, Martin HeideggerResumo
O conceito de ser-no-mundo, elaborado durante os seminários heideggerianos dos anos 1920 e central em Sein und Zeit, condensa decisivos aspectos da analítica existencial do Dasein. Através deste curioso termo o autor é capaz de empreender, como pretendemos demonstrar, uma inovadora descrição fenomenológica do horizonte mundano como pertencente co-originariamente (gleichursprünglich) ao existir. O filósofo pode prescindir, dessa forma, do tradicional ponto de partida – verificável na fenomenologia husserliana - que estabeleceria tipicamente o ego como sujeito constituinte: fundamento que acessa o mundo, seu objeto, a partir do paradigma teórico e intelectual. Por seu turno, a explicação do acesso familiar e habitual ao mundo será iniciada, em Sein und Zeit (a partir da proposta de um diverso Fundierungszusammenhang), pela consideração dos aspectos eminentemente prático-instrumentais da mundanidade. A circularidade marcante da Besorgen passa a traduzir o aspecto intencional fenomenalmente adequado para a descrição da mobilidade da vida fática. Acompanhando a tese heideggeriana e a partir do auxílio de comentadores, pretendemos expor neste artigo os principais argumentos da abordagem da instrumentalidade: através do estudo do problema da referencialidade ôntica e da redução ontológica empreendida no §18. Tal recorte temático nos permitirá compreender, enfim, pontos elementares da radicalidade desta inversão do método fenomenológico, no sentido mesmo de que a abordagem circular prático-pragmática do ser-no-mundo é reveladora do afastamento de nosso autor, no que diz respeito à compreensão mesma da tarefa filosófica, em relação a seu mestre Husserl.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES: Física I-II. Campinas: Editora Unicamp, 2009.
BORGES-DUARTE, I.: Husserl e a fenomenologia heideggeriana da fenomenologia in: Phainomenon. Lisboa. v. 7. p. 88-103, 2003.
DUDEN Onlinewörterbuch: https://www.duden.de/rechtschreibung/Zeug
FIGAL, G.: Phänomenologie und Ontologie in: FIGAL, G., GANDER, H.-H.: Heidegger und Husserl. Neue Perspektiven. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2009.
HALL, H.: Intentionality and world in: GUIGNON, C. B.: The Cambridge Companion to Heidegger. Cambridge University Press: Cambridge, 1993.
HEIDEGGER, M.: Platon: Sophistes. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1992.
________________: Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1994.
________________: Logik. Die Frage nach der Wahrheit. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1995.
________________: Wegmarken. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2004.
________________: Die Grundprobleme der Phänomenologie. Frankfurt am Main: 2005a.
________________: Phänomenologische Interpretationen ausgewählter Abhandlungen des Aristoteles zur Ontologie und Logik. Frankfurt am Main, Vittorio Klostermann, 2005b.
________________: Sein und Zeit. 19ª edição. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2006a.
________________: Ser e tempo. 5ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2006b.
________________: Introdução à filosofia. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
________________: Die Grundbegriffe der Metaphysik: Welt – Endlichkeit – Einsamkeit. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2010.
________________: Ensaios e conferências. 6ª edição. Petrópolis: Vozes, 2010b.
HUSSERL, E.: Der Encyclopaedia Britannica Artikel in: Phänomenologische Psychologie (HUSSERLIANA IX). Den Haag: Martinus Nijhoff, 1962.
______________: Psychological and transcendental phenomenology and the confrontation with Heidegger. Amsterdam: Springer Netherlands, 1997.
MARION, J.-L.: Die Wiederaufnahme der Gegebenheit durch Husserl und Heidegger in: FIGAL, G., GANDER, H.-H.: Heidegger und Husserl. Neue Perspektiven. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2009.
MINCA, B.: Poiesis - Zu Martin Heideggers Interpretationen der aristotelischen Philosophie. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2006.
NUNES, B.: Passagem para o poético. 2ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1992.
PEREIRA, I.: Dicionário Grego-Português, Português-Grego de Isidro Pereira. Braga: Livraria A. I., 1998.
RUGGENINI, M.: Die Zukunft der Phänomenologie – Zwischen der Sinngebung der Subjektivität und dem Fragen nach der Wahrheit in: FIGAL, G., GANDER, H.-H.: Heidegger und Husserl. Neue Perspektiven. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2009.
SCHUBACK, M. S. C.: A perplexidade da presença in: HEIDEGGER, M.: Ser e Tempo. 5ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2006.
SPROVIERO, M. B.: Linguagem e consciência - a voz média in: http://www.hottopos.com/mirand3/linguage.htm, 1997.
STEIN, E.: Mundo vivido: das vicissitudes e dos usos de um conceito da fenomenologia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
VOLPI, F.: “Das ist das Gewissen!” Heidegger interpretiert die Phronesis. in: STEINMANN, M. (Org.): Heidegger und die Griechen. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2007.
_________: Heidegger y Aristóteles. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012.
VON HERRMANN, F-W.: Subjekt und Dasein. Grundbegriffe von “Sein und Zeit”. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2004.
_____________________: Hermeneutische Phänomenologie des Daseins, Band II. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2005.
ZUBEN, N. A. V.: A fenomenologia como retorno à ontologia em Martin Heidegger in: Trans/Form/Ação (UNESP). Marília. v. 34. p. 85-101, 2011.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Política de Direito Autoral para os itens publicados pela Revista:
1.Esta revista é regida por uma Licença da Creative Commons aplicada a revistas eletrônicas. Esta licença pode ser lida no link a seguir: Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).
2.Consonante a essa politica, a revista declara que os autores são os detentores do copyright de seus artigos sem restrição, e podem depositar o pós-print de seus artigos em qualquer repositório ou site.
Política de Direito de Uso dos Metadados para informações contidas nos itens do repositório
1. Qualquer pessoa e/ou empresa pode acessar os metadados dos itens publicados gratuitamente e a qulquer tempo.
2.Os metadados podem ser usados sem licença prévia em qualquer meio, mesmo comercialmente, desde que seja oferecido um link para o OAI Identifier ou para o artigo que ele desceve, sob os termos da licença CC BY aplicada à revista.
Os autores que têm seus trabalhos publicados concordam que com todas as declarações e normas da Revista e assumem inteira responsabilidade pelas informações prestadas e ideias veiculadas em seus artigos, em conformidade com a Política de Boas Práticas da Revista.