Condenando Eva: uma análise sobre o ideal de maternidade em instituições prisionais
DOI :
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2023v36n1.63506Mots-clés :
Maternidade, Encarceramento feminino, Prisão, Mulheres mães presasRésumé
Este artigo propõe uma análise acerca da maternidade de mulheres em regime de privação de liberdade em instituições prisionais da Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A partir da análise de entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de duas unidades exclusivamente femininas – o Complexo Penitenciário Estêvão Pinto e o Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade – nos anos de 2017 e 2018, busca-se entender a experiência de mulheres mães no cárcere. Como resultado, tem-se que tanto os discursos institucionais, como as rotinas prisionais tomam forma de condenação e de punição direcionadas àquelas mulheres que desviaram do ideal de maternidade presente em nossa cultura: qual seja, a mãe inteiramente devota à vida dos filhos e filhas. Nesse sentido, este trabalho trata de um ideal de maternidade patente em nossa sociedade, e da sua contradição: as mães criminosas. Sejam elas impedidas de exercer sua maternagem pelos muros da prisão, ou punidas juntamente com os filhos e filhas no cárcere, as mulheres mães presas são julgadas para além das infrações cometidas no âmbito do Sistema de Justiça. É, portanto, dessas condenações de que trata o presente artigo, mediadas pelas vozes de outras mulheres: as funcionárias das instituições prisionais.