“Remember, it is I who am here to pray for you”: decolonização e resgate da autoridade religiosa/espiritual em La Loca Santa
Mots-clés :
Decolonialidade, Memória, Literatura Chicana, IdentidadeRésumé
Glória Anzaldúa defende a recriação da auto-história das mulheres chicanas, o que culminaria na recriação da história cultural de todo o grupo. Nessa perspectiva, Ana Castillo argumenta em prol de revisitação e reinterpretação de modelos tradicionais impostos às mulheres chicanas, a fim de decolonizá-los e repensá-los enquanto fontes de força e poder para si sem que isso signifique a destruição de todos os valores tradicionais herdados da ancestralidade ameríndia e da influência espanhola. Assim, o objetivo desse artigo é analisar o resgate e, ao mesmo tempo, a reescritura da memória coletiva em So Far from God (1993), de Ana Castillo, por meio da análise da busca pela decolonialização e reconquista da autoridade religiosa e espiritual das mulheres chicanas simbolizada na construção da personagem La Loca Santa; uma representação que mescla a deusa mãe ancestral ameríndia Tonantzin com a mãe católica de origem colonial espanhola Guadalupe. Assim, refletiremos sobre as características de Tonantzin, a historiografia de Guadalupe, as implicações da religiosidade na identidade das mulheres chicanas e o desenvolvimento da personagem que evoca essas duas figuras míticas divinas. Para isso, utilizarei teorias como de Jeanette Peterson (1992), Amaia Ibarraran Bigalondo (1999), Michelle Sauer (2000), Glória Anzaldúa (2012, 2015), Ana Castillo (2014), Simona Lozovschi (2016), Yuderkys Miñoso (2020), entre outras. Concluímos que La Loca Santa é concebida enquanto uma figura sincrética que constrói um mundo fora dos limites da dominação colonial, capitalista e patriarcal dentro da própria casa através de um posicionamento que resgata ao mesmo tempo em que reescreve a autoridade espiritual das mulheres chicanas.