Leves risos, fortes ruídos: uma festa com Ledusha e Letrux
Résumé
O estudo sobre obras de escritoras vivas, além de provocar um ruído, é um risco para a estável hegemonia de vozes na literatura brasileira. Assumindo este risco, o trabalho em questão realiza um diálogo, uma aproximação bem-humorada entre a obra da paulista-carioca Ledusha Spinardi e a carioquíssima Letrux. A poética das autoras provoca um ruído na linguagem falogocêntrica, sobretudo pelo efeito de riso sutil e pela conversa que estabelece com outros seres. Temos uma linguagem política que é a escrita feminina (Cixous, 2022 [1975]), potente enquanto criação que parte de um eu-lírico que dessacraliza e que manifesta desejos, comprovada pela análise de alguns poemas da obra Risco no disco (1981), de Ledusha, e da obra Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas (2021), de Letrux, compreendendo suas manifestações ruidosas enquanto um tipo de som necessário para a reivindicação de uma poética diversa que desestabiliza e questiona o falogocentrismo.