Pesquisar outramente: (re)pensando práticas de investigação à luz dos feminismos neomaterialistas e pós-estruturalistas
DOI :
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2023v36n1.67400Mots-clés :
Metodologia, Epistemologia, Pós-estruturalismo, Neomaterialismo, Pesquisa pós-qualitativaRésumé
O presente ensaio pretende contribuir para os correntes debates sobre a necessidade de (re)pensar os habituais conceitos e práticas da chamada “metodologia qualitativa humanista convencional” à luz dos fundamentos epistemológicos e ontológicos avançados por contribuições feministas assentes nas teorias pós-estruturalistas, pós-humanistas e neomaterialistas, nomeadas aqui, na esteira de St. Pierre (2018), de “teorias pós”. Busco, em um primeiro momento, revisitar sucintamente o processo de desestabilização da tríade moderna Sujeito-Linguagem-Objeto agudizado pela emergência do pós-estruturalismo e de posições teóricas associadas à chamada “virada ontológica” em curso nas ciências humanas e sociais. Em seguida, tendo como pano de fundo uma investigação sociológica teoricamente informada pela articulação de perspectivas feministas pós-estruturalistas e neomaterialistas, abordo criticamente o método de entrevistas, de modo a propor formas alternativas de conceber a natureza das relações estabelecidas entre “relatos” e “experiência”. Também apresento o método de leitura difrativa, argumentando que este caracteriza um inovador procedimento analítico alinhado aos compromissos epistemológicos e ontológicos de estudos pautados pelas “teorias pós”. Por fim, defendo, em consonância com os recentes debates acerca das possibilidades de uma “pesquisa pós-qualitativa”, a necessidade das/os cientistas sociais aceitarem a premente tarefa de “pensar outramente” (FOUCAULT, 1984) suas habituais práticas de pesquisa à luz dos desafios apresentados por edifícios político-teóricos contemporâneos.