Não posso continuar, vou continuar: reflexões sobre a falência da linguagem em Molloy, de Samuel Beckett
Palavras-chave:
Samuel Beckett, Molloy, Romance moderno francês, Falência da linguagemResumo
Este artigo tem por objetivo refletir sobre o tema da falência da linguagem a partir da leitura do romance Molloy, de Samuel Beckett (1906-1989). Inserido no contexto da literatura francesa moderna, e peça de grande valia – ao lado de outras obras do autor – para compreender os rumos tomados pela criação literária depois do surgimento de nomes como Joyce e Proust, o romance aqui analisado se envereda pelas malhas desconfortáveis da incomunicabilidade, da falha inevitável em que implica o tentar fazer-se compreender. São duas as partes que o compõe: primeiro a narrativa de Molloy, desgovernada, sem parágrafos e, ainda que confusa, questionadora das possibilidades de se narrar hoje; depois, a narrativa de Moran, que no início atende as convenções do realismo formal do século XIX, mas gradativamente vai se subtraindo, se amputando, até chegar à mesma expressão de impotência que caracteriza a primeira parte. Com o suporte de outros autores, tomaremos estas duas narrativas como ponto de partida para erigir algumas reflexões sobre o passeio da literatura contemporânea pelos dejetos da impossibilidade.
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