Entre a vida e a literatura: sobre os processos de transculturação em Guimarães Rosa e José María Arguedas
Palavras-chave:
Literatura comparada, Transculturação, Ficção regionalista, Guimarães Rosa, José María ArguedasResumo
O presente ensaio tem como objetivo comparar quatro contos latino-americanos – “As margens da alegria” e “Substância”, de Guimarães Rosa, publicados em Primeiras estórias (1961); “Warma Kuyay” e “El ayla”, de José María Arguedas –, a partir das análises que Antonio Candido e Ángel Rama fazem da narrativa regionalista nos diferentes sistemas literários que estudam: o brasileiro e o peruano. Após a apresentação dos conceitos de transculturação e de suprarregionalismo, interpretam-se os motivos da morte e do sacrifício em “As margens da alegria” e “Warma Kuyay”, e as situações de comunhão e apartamento, em “El ayla” e “Substância”, de modo a verificar as diferenças e semelhanças no tratamento dado a esses temas pelo autores. Em seguida, realiza-se uma reflexão sobre a determinação histórica do conceito de literatura, considerando os limites das leituras universalizantes empreendidas por Rama e Candido, e o caráter violento do processo de colonização a que essas nações foram submetidas. Nesse sentido, dialoga-se com a pesquisa desenvolvida por Marcos Natali sobre a obra do escritor peruano e a sua reflexão acerca das possibilidades de humanização pela literatura. Como resultado, verifica-se uma opção, em Arguedas, por práticas narrativas não europeias e pela valorização de uma ritualística quéchua em seu processo de criação.
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