A vida é um zoológico: uma leitura comparada de the Zoo story, de Edward Albee, e “O búfalo”, de Clarice Lispector

Autores

  • Camila Marchioro Universidade Federal do Paraná
  • Letícia Pilger Universidade Federal do Paraná

Palavras-chave:

Animalidade, Zoológico, Olhar, Clarice Lispector, Edward Albee

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar, de forma comparada, a peça The zoo story, de Edward Albee (1959), e o conto “O búfalo”, de Clarice Lispector (1960). Para isso, será analisada, a partir dos Estudos dos Animais (DERRIDA, 2002; MACIEL, 2008, 2011; BRAVO, 2011; SILVA, 2020; HARAWAY, 2021), a maneira como o zoológico é apresentado em cada texto, considerando a presença virtual na peça e a factual no conto e o histórico da construção desse espaço, entre o controle e a preservação. Também perscrutaremos a relação interespecífica – espelhada e complementar – entre a animalidade e a humanidade na construção das personagens, tendo em vista que em cada texto há um diálogo distinto entre os humanos e animais não humanos pela via do olhar; assim como a maneira como a ficção é apresentação enquanto uma forma de especulação bioperspectiva, de modo que permite aos leitores repensarem a sua condição de animal e desfazer o especismo construído no pensamento ocidental. A partir da análise, será defendida a tese de que o zoológico pode ser lido, na verdade, como metáfora para a vida, já que, em ambos os textos, há controle social pelas vias das relações de poder e inversão entre animais e humanos por via do olhar, isto é, da empatia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Camila Marchioro, Universidade Federal do Paraná

Professora substituta do curso de Letras de Universidade Federal do Paraná (UFPR) e professora do Programa de Pós Graduação em Teoria Literária do Centro Universitário Campos de Andrade - Uniandrade; doutorado em Literatura Comparada pela UFPR; e-mail: camila.marchioro@gmail.com

 

Doutora em Literatura Comparada pela UFPR. Professora substituta no curso de Letras da UFPR (DELLIN) e professora no programa de Pós Graduação em Teoria Literária da UNIANDRADE.

Letícia Pilger, Universidade Federal do Paraná

 

Doutoranda em Estudos Literários na Universidade Federal do Paraná (UFPR); mestre em Estudos Literários pela mesma instituição.

linha de pesquisa "Alteridade, mobilidade e tradução".

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O aberto: o homem e o animal. Tradução Pedro Mendes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

ALBEE, Edward. The zoo story. Disponível em:

p. 1-21. Acesso em: 10 jun. 2022.

BARATAY, Eric; HARDOUIN-FUGIER, Elisabeth. Zoo: a history of zoological gardens in the west. London: Reaktion, 2004.

BERGER, John. Animais como metáfora. Tradução Ricardo Maciel dos Anjos. Suplemento Literário de Minas Gerais. Edição 1.332, p. 6-9, 2010.

BRAVO, Álvaro Fernández. Desenjaular o animal humano. In: MACIEL, Maria Ester (Org.). Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011, p. 221-244.

COCCIA, Emanuelle. A vida das plantas – uma metafísica da mistura. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.

COETZEE, John.M. Elizabeth Costello. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou (A seguir). Tradução Fábio Landa. São Paulo: Editora da UNESP, 2002.

EAGLETON, Terry. Literary theory: an introduction. Minneapolis: The University of Minnesota Press, 1996.

ESSLIN, Martin. Absurd Drama: introduction to “Absurd Drama”. New York: Penguin, 1965.

FERREIRA, Ermelinda. Metáfora animal: a representação do outro na literatura. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, (26), p. 119–135, 2011.

FOUCAULT, Michel. De espaços outros. Estudos Avançados, São Paulo, n.79, vol. 27, p. 113-122, 2013. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/68705/71285>

FREUD, Sigmunt. Obras completas - Volume 18. Tradução Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

HARAWAY, Donna. O manifesto das espécies companheiras: cachorros, pessoas e alteridade significativa. Tradução Pê Moreira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021. E-book.

KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. Zoológicos humanos: gente em exibição na era do imperialismo. Campinas: Editora da UNICAMP, 2020.

LESTEL, Dominique. A animalidade, o humano e as ‘comunidades híbridas’. In: MACIEL, Maria Ester (Org.). Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, p. 23-54, 2011.

LEVI-STRAUSS, Claude. Raça e história. Raça e Ciência. São Paulo: Perspectiva, 1960. p. 231-266.

LISPECTOR, Clarice. O búfalo. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 2016, p. 248-257.

LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999a.

LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1999b.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.

MACIEL, Maria Esther. O animal escrito: um olhar sobre a zooliteratura contemporânea. São Paulo: Lumme, 2008.

MACIEL, Maria Esther. A vida dos outros. Aletria, Belo Horizonte, n. 3, v. 21, p. 91-100, 2011.

NASCIMENTO, Evando. Rastros do animal humano – a ficção de Clarice Lispector. E-scrita, Belford Roxo, v. 10, n. 1, 2019.

MACIEL, Maria Ester (Org.). Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011, p. 117-148.

MARTIN, Natassja. Escute as feras. São Paulo: Editora 34, 2011.

NODARI, Alexandre. Filozoofia. Revista Canguru. n. 2. Curitiba: Medusa, p. 21-27, 2017.

PLUMWOOD, Val. Feminism and the mastery of nature. London: Routledge, 1993.

SAAVEDRA, Carola. Mundo desdobrável: ensaios para depois do fim. Belo Horizonte: Relicário, 2021.

SAER, Juan José. O conceito de ficção. Sopro: panfleto politico-cultural, n. 15. Tradução Joca Wolff. E. p. 1-4, 2009.

SANTIAGO, Silviano. Bestiário. Ora direis, puxar conversa!. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2006, p. 157-192.

SILVA, Ana Carolina T. P. Os animais na literatura brasileira: do imperialismo ecológico ao animal enquanto sujeito. 280f. Tese (Doutorado em Estudos Literários). Universidade Federal do Paraná, 2020.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da vida selvagem – e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2014.

Downloads

Publicado

07.03.2023

Edição

Seção

VOLUME "AHEAD OF PRINT"