Riobaldo e o seu Duplo Fantasmagórico: as Rasuras Significantes na Ficção de Grande Sertão: Veredas

Autores

  • Maria Carlota de Alencar Pires

Resumo

Neste artigo, focalizamos a fala de Riobaldo a partir de uma leitura lacaniana, pois ela permite adentrar-se em um universo lingüístico muito particular, reconstruído pela via de um falar incomum, aos olhos e aos ouvidos dos que se dispõem a penetrar no signo roseano. Eis aqui um desafio intrigante, que exige fôlego para se respirar na mesma cadência da fala-enxurrada de Riobaldo. Os significados roseanos rasuram os significantes, tanto ao nível do enunciado – que é a fala produtora de novos sentidos abertos –, quanto no nível da enunciação – que é a narrativa, em sua totalidade. Significantes ambíguos como o próprio corpo de Diadorim: um duplo, entre o feminino e o masculino: o dia e a dor. Riobaldo também é um significante rasurado e paradoxal, pois ele é ao mesmo tempo o rio que flui, e o baldo, isto é, a barragem que represa as águas de um amor por Diadorim. Desejo rasurado, não realizado, provocando um enorme vazio, o Nonada. Cabe, então, ao leitor preencher este vazio, entrando-se nos meandros do Grande Sertão:Veredas.

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Publicado

01.01.2006

Edição

Seção

Artigos do Dossiê