Léxico, Cultura e Ensino: o patrimônio imaterial no Museu da Gente Sergipana
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.62591Palavras-chave:
Patrimônio Cultural, Lexicologia, Ensino, Museu da Gente Sergipana, Pão JacóResumo
O museu é um locus de significados (re)construídos e em constante (re) construção. O acervo nele acondicionado contém muito mais que objetos: aporta, linguisticamente, substantivos, adjetivos, artigos, pronomes, verbos e outras classes gramaticais que nomeiam fatos e realidades sociais dos testemunhos materiais e imateriais do homem e de seu entorno. Além disso, é importante frisar que, de acordo com Matoré (1973), as palavras não expressam as coisas em si, mas a consciência que os homens têm delas. O Museu da Gente Sergipana (MGSE), por suas salas, corredores e átrio, são rememorados os falares sergipanos, como uma parcial representação dos costumes e tradições imateriais de Sergipe (MELLO, 2021). Portanto, assumindo que a construção e compreensão dos significados do vernáculo sergipano aporta, inegavelmente, questões sócio-históricas marcadoras da identidade cultural e social de seu uso (MARENGO; MAGALHÃES, 2020), esse trabalho objetiva apresentar possibilidades de exploração didática de um item lexical (pão jacó) - tomado como patrimônio linguístico sergipano -, que serve de exemplo de articulação interdisciplinar entre as aulas de história e de língua portuguesa.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Augusto Cézar de. Pães no Brasil: fotos e verbetes. São Paulo: Editora Maná, 1999.
BARRETO, Armando. Cadastro: Commercial, Industrial, Agrícola e Informativo do Estado de Sergipe (SE). 1933. [Obras Raras - Hemeroteca Digital, Fundação Biblioteca Nacional]. Disponível em:http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=356581&pasta=ano%20193&pesq=&pagfis=1. Acesso em: 20 mar. 2022.
BARROS, Carla Eugenia Caldas. Visita ao Museu da Gente Sergipana: existe verdade na arte de literatura de cordel - uma visão de direito autoral do artista plástico. PIDCC, Aracaju, Ano II, n. 04, p. 186-227, 2013. DOI: https://doi.org/10.16928/2316-8080.V4N1p.186-227
BARUFALDI, Mauricio. Nachos; comida mexicana repleta de história de sucesso. 27/08/2018. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/nachos-comida-mexicana-repleta-de-hist%C3%B3ria-sucesso-mauricio-barufaldi/?originalSubdomain=pt. Acesso em: 15 mar. 2022.
BERNARDO, Edgar; MARTINS, Elisabete. Vivências passadas, memórias futuras: a cultura do linho, pão e vinho. Felgueiras, Portugal: CopiMarco Lda., 2011.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Terminologia e Lexicografia. TradTerm., 7, p. 153-181, 2001. Disponível em https://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/49147/53230. Acesso em 10 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.tradterm.2001.49147
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. Os herdeiros: os estudantes e a cultura. Florianópolis: Editora da UFSC, 2014.
BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond. A Alimentação das Minorias no Portugal Quinhentista. Revista Portuguesa de História, vol. 1, n. 36, p. 405-421, 2003. Disponível em https://doi.org/10.14195/0870-4147_36-1_18. Acesso em: 12 mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.14195/0870-4147_36-1_18
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018.
BRINTON, Laurel; TRAUGOTT, Elizabeth. Lexicalization and language change. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511615962
CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
CANELLA-RAWLS, Sandra. Pão: arte e ciência. São Paulo: SENAC, 2003.
CHUVA, Márcia. Preservação do patrimônio cultural no Brasil: uma perspectiva histórica, ética e política. In: CHUVA, Márcia; NOGUEIRA, Antonio Gilberto Ramos (orgs.). Patrimônio Cultural. Políticas e perspectivas de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X; Faperj, 2012, p. 67-78.
CONCEIÇÃO, Mirtes Rose Menezes da. Materialização de Políticas Culturais: o Museu da Gente Sergipana e a construção de identidades. Anais do IV Seminário Internacional – Políticas Culturais. Rio de Janeiro: Setor de Políticas Culturais/ Fundação Casa de Rui Barbosa, 2013.
FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). História oral, desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/ Casa de Oswaldo Cruz/ CPDOC – Fundação Getúlio Vargas, 2000.
FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra e Cássia Araújo. O que é patrimônio imaterial? São Paulo: Brasiliense, 2008.
FRACZEK, Jennifer. Pão como Patrimônio Imaterial da Unesco. 27/02/2014. Disponível em https://www.dw.com/pt-br/p%C3%A3o-alem%C3%A3o-concorre-a-patrim%C3%B4nio-cultural-imaterial-da-unesco/a-17456761. Acesso em 15 mar. 2022.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GIRO SERGIPE. Giro Sergipe fala sobre pães e explica como o pão francês ficou conhecido como pão jacó. (13’20). 07 ago. 2021. Disponível em https://globoplay.globo.com/v/9750152/, acesso em: 20 abri. 2022.
GOMES, Mariana Selister et al. Turismo Cultural, Educação Patrimonial e Cidadania: Uma Experiência entre Universidade, Escola e Museu em Sergipe. Revista Rosa dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, v. 7, n.3, p. 459-470, 2015. DOI: https://doi.org/10.18226/21789061.v7iss3p459
IBGE. Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
ICOM. Consultations. Museum definition and Code of Ethics. 11/01/2021. Disponível em https://icom.museum/en/news/icom-define-consultation-2-what-should-be-part-of-the-new-museum-definition/. Acesso em 12 jan. 2022.
ICOM BRASIL. Pesquisa ICOM Brasil. Nova Definição de Museu. 2021. Disponível em http://www.icom.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Apresentacao.pdf. Acesso em 12 jan. 2022.
INSTITUTO BANESE. Museu da Gente Sergipana. 2017. Disponível em www.museudagentesergipana.com.br. Acesso em 03 mar. 2022.
IPHAN. Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Disponível em http://portal.iphan.gov.br/indl. Acesso em 15 mar. 2022.
IPHAN/UNESCO. Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular. Paris: UNESCO, 1989. [Trad. IPHAN]. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Recomendacao%20Paris%201989.pdf. Acesso em 10 jan. 2022.
IPHAN/UNESCO. Recomendação para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial (Carta Patrimonial). Paris: UNESCO, 2003. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Recomendacao%20Paris%202003.pdf. Acesso em 12 fev. 2022.
KENEDY, Eduardo. Curso básico em linguística gerativa. São Paulo: Contexto, 2013.
LEÓN, Lucas Pordeus. Pão Saora vira patrimônio imaterial e cultural da Paraíba. Radioagência Nacional, 30/04/2021. Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/cultura/audio/2021-04/pao-saora-vira-patrimonio-imaterial-e-cultural-da-paraiba. Acesso em 15 mar. 2022.
MAFFEI, Waldir Roque. O impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação em Museus: estudo de caso no Museu da Gente Sergipana. 79 p. Monografia (Especialização em Mídias na Educação). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012.
MARENGO, Sandro Marcío Drumond Alves. Variações terminológicas e diacronia: estudo léxico-social de documentos militares manuscritos dos séculos XVIII e XIX. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2016.
MARENGO, Sandro Marcío Drumond Alves; MAGALHÃES, Rafael Marques Ferreira Barbosa. The magic words: Lexicon of the associative field of magic in the medieval cantigas. LaborHistórico, v. 6, n. 3, p. 276-294, 2020. Disponível em https://revistas.ufrj.br/index.php/lh/article/view/35283>. Acesso em 10 mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.24206/lh.v6i3.35283
MATORÉ, Georges. La méthode en lexicologie: domaine français. Paris: Didier, 1953.
MATORÉ, Georges. Histoire des dictionnaires français. Paris: Larousse, 1968.
MELLO, Janaina Cardoso de.; SANTOS, Luan Felipe; ALVES, Beatriz França. Galletas de la Fortuna: o Ensino de História da América Latina entre Memórias, Esquecimentos e Patrimônio Cultural. Zumé - Boletim do Natima, v. 3, p. 6-27, 2021.
MELLO, Janaina Cardoso de. Museu da Gente Sergipana. In: MAYNARD, Dilton C. S.; MONTEIRO, Vivian Cruz (orgs.). Lugares, personagens e outras coisas de Sergipe. Recife: EDUPE, 2021, p. 142-143.
MELLO, Janaina Cardoso de. Tecnologia e expografia na contemporaneidade. Os museum makers e a sedução do olhar. Anais do III Seminário Brasileiro de Museologia - SEBRAMUS. Belém: UFPA, 2017, p. 1533-1546.
PORTAL CORREIO. Pão fabricado em Cajazeiras desde o século passado vira patrimônio cultural e imaterial da Paraíba. 28/04/2021. Disponível em https://portalcorreio.com.br/pao-fabricado-em-cajazeiras-desde-o-seculo-passado-vira-patrimonio-cultural-e-imaterial-da-paraiba/. Acesso em 15 mar. 2022.
POULOT, Dominique. Uma história do patrimônio no Ocidente. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.
REINHARDT, Juliana Cristina. O pão nosso de cada dia. A padaria América e o pão das gerações curitibanas. Dissertação (Mestrado em História). Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2002.
ROCHA, Irla Suellen da Costa. Museu, Cultura e Criatividade: o Museu da Gente e as Políticas Públicas no Brasil. Dissertação (Mestrado em Comunicação). São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2017.
SANTANA, José Humberto dos Santos; ARAUJO, Silvana Silva de Farias; FREITAG, Raquel Meister Ko. Documentação do português falado em comunidades rurais afro-brasileiras de Sergipe: patrimônio e memória. Palimpsesto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, v. 17, n. 28, p. 121-138, 2019. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/palimpsesto/article/view/36667. Acesso em 20 mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2018.36667
SANTOS, Antônio Cesar de Almeida. Fontes orais: testemunhos, trajetórias de vida e história. Curitiba: DAP, 2005.
SANTOS, Thamires de Melo Menezes; ALEXANDRE, Lillian Maria de Mesquita. “Interações entre o Turismo e a Economia Criativa no Museu da Gente Sergipana – Aracaju – Sergipe – Brasil”. Anais Eletrônicos do IX Encontro de Turismo de Base Comunitária e Economia Solidária - IX ETBCES. Salvador: UNEB, 2019, p. 1-13.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Editora Ática, 1999.
UNESCO. Lavash, the preparation, meaning and appearance of traditional bread as an expression of culture in Armenia - intangible heritage - Culture Sector - UNESCO. unesco.org. Retrieved 2015, p. 12-15.
UNESCO. Kochari, traditional group dance. UNESCO. unesco.org. Retrieved 2017-12-07.
VIANNA, Letícia C. R. Patrimônio Imaterial. In: IPHAN. Dicionário do Patrimônio Cultural. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/85. Acesso em 10 mar. 2022.
VILELA, Mário. Estudos de Lexicologia do Português. Coimbra: Almedina, 1994.
YIDA, Vanessa. As designações para o pão nosso de cada dia: a norma lexical do português brasileiro com base no corpus do Projeto ALiB. Revista de Estudos da Linguagem, v. 29, n. 1, p. 533-588, 2021. Disponível em http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/17260. Acesso em 17 mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.29.1.533-588
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Janaína Cardoso de Mello, Sandro Marcío Drumond Alves Marengo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A revista Sæculum permite aos autores a manutenção dos direitos autorais pelo seu trabalho, no entanto eles devem repassar direitos de primeira publicação ao periódico.