Reescrita de si face ao inquietante

o duplo como sintoma através do desejo em A alma trocada, de Rosa Lobato de Faria

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Resumo

No enfrentamento à afirmação erótica de seu desejo homossexual, tanto íntimo quanto social, Teófilo, personagem central do romance A alma trocada, expressa reflexões que vão desde dualidades metafísicas que justificassem a gênese de seu ser interior, passando por monólogos que tentam solucionar um suposto self dual que lhe é inescapável, nas tensões entre alteridade e identidade, até lidar com a persistência dos padrões duplos na tradição familiar que lhe força a laços conjugais heteronormativos. Partindo das contribuições psicanalíticas de Rank (2013 [1914]) e Freud (1996 [1919]) que articulam os conceitos de duplo e de inquietante, nossa leitura se dedica a pensar sentidos outros ao desejo, a partir da presença de um sintomático intruso na trama e diante dos vestígios que o protagonista lança em sua trajetória de re-descoberta de si.

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Publicado

2018-12-28

Como Citar

MADEIROS, E. Reescrita de si face ao inquietante: o duplo como sintoma através do desejo em A alma trocada, de Rosa Lobato de Faria. Letras et Ideias, João Pessoa, PB, v. 2, n. 2, p. 168–180, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/letraseideias/article/view/46335. Acesso em: 24 abr. 2024.

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