Becos da memória, de Conceição Evaristo
uma escrevivência da memória da mulher negra no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2595-7295.2019v3n1.48303Resumo
Em Becos da memória diversas histórias se entrelaçam contando do dia a dia numa favela prestes a ser destruída na área central de Belo Horizonte. O olhar da protagonista Maria-Nova prevalece no texto, embora a narrativa se apresente por vezes em terceira pessoa conte sobre a vida das outras personagens. É a Maria-Nova que as pessoas da favela recorrem para contar suas memórias. Essas camadas variadas de memórias e vivências (tanto ouvidas, como vividas) que ela cria na escrita, formam uma subjetividade multifacetada de uma jovem mulher melancólica que sofre com o processo de desfavelamento. A partir desse texto, pensa-se de que forma se constrói a memória da/s mulher/es negras do Brasil, num contexto urbano de pobreza e marginalização dos anos 1980. As memórias de Maria-Nova são o recurso através do qual a escrevivência – conceito teórico-literário de Conceição Evaristo – se apresenta no texto literário: as mulheres negras estão inscritas a partir de suas vozes, com suas verdades, venturas e desventuras, longe dos estereótipos presentes em textos da literatura nacional. No presente artigo, objetivo discutir a escrevivência e a escrita de si em diálogo com o texto literário, percebendo os efeitos desse contar na construção de uma história e historiografia literária alternativas.
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