O amor obsessivo de Aurélia Camargo

a morte do pai e a "emancipação" subjetiva feminina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2595-7295.2019v3n2.49333

Resumo

A neurose obsessiva, em uma acepção lacaniana, caracteriza-se pela inscrição parcial do Pai, no sentido de que ele se afigura de forma idealizada para o sujeito adoecido, devido a este não aceitar a castração, a condição faltosa do Outro. Do ponto de vista freudiano, ela corresponde a uma perda parcial da realidade, cuja causa é uma regressão do Eu à fase sádico-anal, decorrente da negação do Édipo. Naquela acepção, o Pai, na obsessão, inscreve-se como uma entidade assexual, imaculada, circunscrito no campo do Outro, do lado da Mulher. Por essa razão, o obsessivo vive uma castração de simbolização fragilizada, por reter a função paterna com significação feminina, o que o leva a matar o Pai enquanto falo masculino. Já para o Pai da Psicanálise, a obsessão está ligada à fixação do sujeito à analidade, à não superação do luto da coisa. As duas acepções, portanto, mostram uma falha edipiana que envolve uma questão de economia do significante e da realidade. Nesse sentido, nosso objetivo, neste trabalho, é analisar o amor obsessivo de Aurélia Camargo em relação a Seixas, destacando todo o processo de mortificação do “pai” para ela ser, usando como expediente a analidade para atingir o pai subjetivo, e, por conseguinte, o pai social, que é o Patriarcado. Ademais, ressalva-se o empuxo-à-mulher como manifestação solidária às mulheres e como propriedade peculiar do movimento do Romantismo, que se abraçam em defesa de um discurso do feminino. Para subsidiar a análise, usamos como aporte teórico, principalmente, as contribuições dos teóricos lacanianos Melman (2004) e Quinet (2014), de Freud (2016; 2015; 2013; 2011; 1915) e Kehl (2016; 1915). Destarte, esta pesquisa mostra a luta de Aurélia para instituir a voz da subjetividade feminina, pelo recurso da sexualidade, o que era o maior obstáculo para as mulheres de seu tempo, em grande escala, neuróticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanalucia Soares da Silveira, Instituto Federal da Paraíba

Possui Mestrado em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN); Especialização em Estudos Literários e Graduação em Licenciatura em Letras, com habilitação em Língua Vernácula e Língua Inglesa, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Atualmente, é professora efetiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), Campus Sousa; aluna do Curso de Doutorado em Letras, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e integrante do Projeto de Pesquisa Literatura, Gênero e Psicanálise (LIGEPSI) - UFPB. Tem experiência na área de Letras, com ênfase para as literaturas brasileira, inglesa e africana. Suas pesquisas voltam-se para questões de sexualidade, gênero, raça, cultura, trabalhando, portanto, com teorias críticas feministas, pós-coloniais, culturais e psicanalíticas.

Downloads

Publicado

2019-12-30

Como Citar

SILVEIRA, V. S. da . O amor obsessivo de Aurélia Camargo: a morte do pai e a "emancipação" subjetiva feminina. Letras et Ideias, João Pessoa, PB, v. 3, n. 2, p. 212–226, 2019. DOI: 10.22478/ufpb.2595-7295.2019v3n2.49333. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/letraseideias/article/view/49333. Acesso em: 23 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Interdiálogos entre Psicanálise e Literatura

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)