O debate Gadamer-Habermas: um ensaio sobre a aparente dicotomia entre tradição e autonomia na hermenêutica filosófica
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v9i2.61358Palavras-chave:
Gadamer, Habermas, Tradição, Autonomia, HermenêuticaResumo
Este artigo objetiva discutir, sob o método dialético, o problema da interpretação, a partir das posições de Gadamer e Habermas, quanto à aparente dicotomia entre tradição e autonomia na hermenêutica filosófica. No tocante à teoria filosófica gadameriana, o interesse é o de perceber o que acontece ou sobrevém quando se interpreta, razão pela qual fatores ligados à tradição, ao modus vivendi, bem como a historicidade do contexto social são levados em conta. Conclui-se, quanto à posição de Gadamer, que a historicidade fundamental deste ato faz com que não se possa mais continuar pensando a verdade como algo pronto, que simplesmente teria que ser descoberto. Quanto a Habermas, identifica-se a insuficiência do compreender, vez que a relevância estaria no que fazer com aquilo que se compreende. A ênfase habermasiana estaria além do que se faz da tradição, na capacidade em criticar separando nesta o que é válido e o que não é mais aceitável, assim compreender não pode ser tudo. É, ao invés disso, apenas um momento ao lado da crítica. Por resultado, a partir de Paul Ricoeur, viu-se que a suposta dicotomia entre tradição e autonomia é meramente hipotética e se apresenta muito mais aparente do que real ou efetiva. A ideia de pensá-las em conjunto é mais palpável e mesmo produtiva. Separá-las em campos hermenêuticos distintos é disfuncional, vez que, invariavelmente, terminam por se complementar.
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