Tradução como (re)conhecimento: lições de Trotula para a história das mulheres e da medicina

Autores

  • Karine Simoni Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2020v22n3.53963

Palavras-chave:

Trotula di Ruggiero, Tradução, História das mulheres, História da Medicina, Lições

Resumo

O percurso que assinala a evolução do saber médico e botânico se entrelaça, de modo imprescindível, com a história da cultura das mulheres. De fato, desde os tempos mais remotos, as funções da mulher, voltadas predominantemente à gestão da dimensão interna da casa e ao domínio do espaço fechado, deram-lhe o domínio da esfera da geração da vida, da fertilidade e do mundo natural, dentro do qual se fazia portadora do conhecimento e dos segredos da cura (MADERNA, 2017, p. 09). Dentre os nomes que se destacam na história das mulheres e da medicina, Trotula de Ruggiero – que, no século XI, desempenhou suas atividades de médica e professora na Escola de Medicina de Salerno, sul da Itália, e que teve a sua presença histórica negada por longo período – parece alcançar cada vez mais notoriedade nos séculos XX e XXI, a considerar estudos e traduções advindos de diferentes partes do mundo e em diferentes línguas. O presente estudo pretende evidenciar como a tradução é uma importante ferramenta e meio para o (re)conhecimento da obra de mulheres como Trotula. Será realizada uma reflexão a partir do tratado De passionibus mulierus [Sobre as doenças das mulheres], escrito por Trotula, no qual trata de elementos que permeiam a saúde, a doença e a beleza das mulheres, visando analisar em que medida a cura pelas plantas, os preceitos de Hipócrates e Galeno, a defesa da higiene e da boa alimentação e o cuidado do organismo em sua relação com o social podem se constituir em lições de Trotula para as mulheres do seu e do nosso tempo.

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Biografia do Autor

Karine Simoni, Universidade Federal de Santa Catarina

Informação retirada do Lattes pelo editor: Graduada em História (licenciatura e bacharelado) pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000), Mestre em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002), Graduada em Letras Italiano (licenciatura) pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004), Doutora em Teoria Literária pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) e Pós-Doutora em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010).

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Publicado

17.12.2020

Edição

Seção

DOSSIÊ: IDADE MÉDIA - PERSPECTIVAS MULTIDIMENSIONAIS