Pera, prata e porcelana

Résumé

O romance The Lady Matador’s Hotel (2010), da escritora cubano-americana, Cristina Garcia, é o objeto-foco desta investigação, a qual almeja fazer uma análise interpretativa, pelo viés da Semiótica da Cultura em confluência com os Estudos Culturais e Pós-coloniais, focando a cultura latino-americana, primordialmente, para compreender a proposta de uma existência além do gênero na performance ritualística da protagonista, a toureira Suki Palacios. Através de um comportamento deveras inusitado e repetitivo, os gestos e ações de Suki, que precedem as grandes touradas, enchem-se de simbologia e acabam sendo altamente emblemáticos para toda a ótica cultural do romance em si. Tal performance envolve o consumo de uma pera com talheres de prata em porcelana e, em seguida, o exercício do sexo casual com desconhecido; preferencialmente um sujeito qualquer, aquele que passa despercebido pelo gosto da multidão, uma espécie de ‘zé ninguém’. Esta personagem profundamente híbrida incorpora uma lady matadora, intrigante figura feminina-masculina, central neste romance ambientado numa capital latino-americana sem nome, porém completamente singular ao contexto plural que representa.