Um retrato da sexualidade da mulher idosa no conto “Mas vai chover”, de Clarice Lispector

Résumé

A sexualidade da mulher idosa é alvo de críticas tanto pelo corpo enrugado e flácido, que traz o estigma de “mulher velha” e “caída”, contrariando o ideal do corpo jovem e belo, quanto pelo fato de se esperar que na velhice, a mulher seja assexuada, limitandose a ser uma boa avó e cuidar dos netos. Este artigo apresenta uma das possibilidades de vivência da sexualidade da mulher idosa explicitada no conto “Mas vai chover”, de Clarice Lispector, através da narrativa de um romance entre uma mulher mais velha com um homem mais jovem condicionada aos traços da submissão, humilhação e extorsão em troca da oportunidade de reviver o prazer sexual após a viuvez. A metodologia se pautou em um estudo bibliográfico a partir da obra em questão e de textos que dão subsídio analítico à questão central referendada no Conto. Conclui-se que, como condição humana, a sexualidade acompanha o indivíduo ao longo da vida e que não faz distinção de gênero, pois o desejo carnal, a sedução e o prazer continuam vivos no “ser mulher”, não sendo prerrogativas de sua juventude e nem tampouco cessando com o tempo.