Modernismo decapitado: a reantropofagia musical do Arandu Arakuaa
DOI :
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2022v24n3.64196Mots-clés :
modernismo, decolonial, música, Arandu Arakuaa, antropofagiaRésumé
Para além do século que separa e liga a Semana de arte moderna de 1922 ao nosso período social, busca-se aqui pensar a ilusória, porém persistente seclusão entre o moderno, o modernismo, e a modernidade, a qual permeia boa parte da historiografia e dos estudos culturais nestes 100 anos, marcados por apagamentos e apropriações da presença indígena em expressões literárias e estético-culturais no contexto da Semana e da vertente antropofágica, e em fazeres artísticos que o sucederam. Através do enfoque na música como expressão cultural que se relaciona poética e historicamente com a literatura e outras artes, são abordadas produções distintas: textuais (José de Alencar, Mário de Andrade, Oswald de Andrade) e musicais (Carlos Gomes, Villa-Lobos); a discussão então adentra movimentos culturais que dialogam com o modernismo, como a Tropicália, e gêneros musicais híbridos. Por fim, são abordadas manifestações contemporâneas de autoria indígena na literatura, nas artes plásticas e na música. São manifestações que resgatam a presença indígena, reantropofagizando (como propõe Denilson Baniwa) o modernismo, libertando a arte indígena de limitações textuais e simbólicas, e manifestando a relação entre o fazer artístico indígena e uma história de resistência política e epistemológica. Tal articulação é abordada no contexto da banda de heavy metal Arandu Arakuaa, em termos melódicos (reapropriando estilos ocidentais e incorporando sonoridades locais) e discursivos (na perspectiva decolonial de resgate e cura de elementos epistemológicos indígenas).
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