Entretons: a luz e as trevas
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2020v22n3.54672Palavras-chave:
Anchieta, Literatura, Catequese, Luz e treva, Violência simbólicaResumo
Este artigo propõe reflexões a respeito da associação entre povos indígenas brasileiros, a catequese e a literatura do Padre José de Anchieta em missão no Brasil. Por meio da leitura, análise e pesquisa bibliográfica, observa-se que o nome do Padre José de Anchieta, ao mesmo tempo em que se associa à catequese dos primeiros habitantes da terra colonizada, relaciona-se também às bases da sua literatura e, nesse sentido, seus escritos se distinguem dos registros de outros nomes de destaque nos primórdios da colonização. Fazendo da arte seu principal instrumento de persuasão, escreveu poemas, autos e cantos, que usou para converter os silvícolas. Seu modo de defender e conviver com eles o tornou símbolo do bom jesuíta, mas sua atuação a serviço da ideologia católica à qual era fiel consiste em uma performance antagônica à cultura desses povos. Nesse sentido, o efeito da catequese, mesmo em se tratando do padre canarinho, querido das tribos pela visão diferenciada e pelo modo de agir distinto da maioria dos missionários do período, foi de inegável violência simbólica, nos termos de Pierre Bourdieu, autor usado como aporte teórico neste estudo.
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