MUSEU DO ROMANCE DA ETERNA:
MACEDONIO FERNÁNDEZ E A ESCRITA DA AUSÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2024v26n1.69495Palavras-chave:
Macedonio Fernández, Museu do Romance da Eterna, metaficção, autorreflexividade, romance argentinoResumo
O artigo propõe investigar a potência da escrita da ausência no romance Museu do Romance da Eterna (2010), do escritor argentino Macedonio Fernández. Parte-se da hipótese de que a escrita macedoniana, em seu caráter de permanente autorreflexividade, questiona a própria narrativa e seus elementos constitutivos, propondo a desconstrução do gênero romanesco e criando novas possibilidades estéticas. O aspecto metaficcional do texto terá sua leitura embasada por Bernardo (2010) e a análise do texto literário pretende considerar os aspectos materiais da escrita de Fernandez, a exemplo dos paratextos e das interrupções frequentes impostas pelo autor ao fluxo do romance. Nesse sentido, o leitor, sempre convocado, participa ativamente da produção de sentido do texto e a negação do gênero romanesco realista é reforçada pelo aspecto autoconsciente da narrativa: a todo momento é lembrado ao leitor que aquilo que tem em mãos é tão-somente ficção. A percepção de Macedonio como escritor dissidente, ou autêntico Bartleby, em seu caráter de permanente recusa da escrita, será comentada a partir do texto-ensaio de Vila-Matas (2021). Macedonio, no entanto, diferentemente das personagens de Vila-Matas, nega a escrita, mas o faz escrevendo, o que evidencia o aspecto ambivalente de seu texto. O resultado, como propomos, é de um monumento à arte literária.
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