TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA COMO TECNOLOGIA SOCIAL: AVANÇOS E DESAFIOS

INTEGRATIVE COMMUNITY THERAPY AS SOCIAL TECHNOLOGY: ADVANCEMENTS AND CHALLENGES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2019v28n1.41848

Palavras-chave:

Tecnologia social, Práticas integrativas e complementares em saúde, Terapia comunitária integrativa, Práticas populares de cuidado, Emancipação social

Resumo

Os pressupostos da Terapia Comunitária identificam-se com os da tecnologia social, cujos horizontes democráticos visam atender a demandas sociais, com construção dialógica e coletiva de conhecimentos e de proposição de soluções, sendo sustentável e apropriada pelos beneficiários. Visando apreender como são exploradas as pretensões emancipatórias desta prática integrativa, procedeu-se à revisão de literatura na base Scielo, em junho/2017, com o termo “terapia comunitária”, obtendo-se 22 textos. Nenhuma das publicações a apresentou como uma tecnologia social, sendo utilizados os termos: tecnologia de cuidado, tecnologia de baixo custo, tecnologia de escuta e acolhimento e tecnologia psicossocial. As publicações enfatizaram a contribuição desta prática para a autonomia e valorização dos participantes e para a melhoria das relações interpessoais com familiares e amigos, pouco se explorando iniciativas coletivas geradas no grupo para fazer face a problemas de origem notadamente social ou programática. Pela sua origem e pelo fato de grande parte dos relatos situarem-se no campo da saúde mental, compreende-se que a Terapia Comunitária Integrativa enfatize a tônica no indivíduo, mas, no escopo do SUS e da saúde coletiva, indaga-se sobre as possibilidades e importância de se aproveitar o potencial dessa tecnologia, com vistas à emancipação social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Neide Emy Kurokawa e Silva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Guarulhos (1981), mestrado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (2003) e doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2009). Atualmente é professora adjunta no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Ciências Sociais e Humanas, principalmente nos seguintes temas: cuidado em saúde; prevenção e promoção da saúde; itinerários terapêuticos e acesso à saúde; tecnologias sociais na saúde. 

César Augusto Paro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Educador Popular em Saúde. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Possui Residência em Saúde Coletiva pelo IESC/UFRJ. Especialista em Gestão de Saúde pelo IMS/UERJ. Graduado em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É ator e performer, possuindo experiência com pesquisa baseada em artes, teatro do oprimido, palhaçaria e performance urbana. Tem atuado na docência e pesquisas na área de formação de profissionais de saúde, educação popular em saúde, educação em saúde, promoção da saúde, práticas artísticas em saúde e integralidade em saúde.

Miriam Ventura da Silva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduada em Direito (1983). Mestre (2007) e Doutora (2012) Saúde Pública (Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)). Professora Adjunta do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integra o corpo docente permanente do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do IESC e Faculdade Medicina da UFRJ, e do Programa de Pós-graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva ? PPGBIOS, programa em associação com a UFRJ, UERJ, Fiocruz, UFF. Editora associada da Revista Physis Revista de Saúde Coletiva (UERJ-RJ) e Cadernos de Saúde Pública (CSP) Fiocruz. Integra o Conselho Editorial da Cadernos Ibero-americanos de Direito Sanitário. Tem experiência como consultora, docente e pesquisadora, nas áreas de Saúde Coletiva e Direito. Tem desenvolvido estudos sobre legislação e jurisprudência em saúde; direitos humanos; direito à saúde e o sistema de justiça, com ênfase na judicialização da saúde; acesso à saúde e acesso à justiça, saúde e direitos de populações específicas (transexuais,intersexuais, presidiárias, mulheres, adolescentes, homens); direitos reprodutivos, direitos sexuais. 

Referências

ANDRADE, Fábia Barbosa de et al. Promoção da saúde mental do idoso na atenção básica: as contribuições da terapia comunitária. Texto & Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 129-136, 2010.

BARRETO, Adalberto de Paula. Terapia comunitária passo a passo. Fortaleza: Gráfica LCR, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Secretaria de Atenção à Saúde. Glossário temático: práticas integrativas e complementares em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

CARVALHO, Mariana Albernaz Pinheiro de et al. Contribuições da terapia comunitária integrativa para usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): do isolamento à sociabilidade libertadora. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 10, p. 2028-2038, 2013.

COSTA, Ralpho Cláudio et al. Terapia Comunitária: uma estratégia de saúde mental na atenção básica do município de São José dos Campos-SP. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 18, n. 3, Supl. 1, p. 77-77, 2009.

DAGNINO, Renato. Apresentação. In: DAGNINO, Renato. Tecnologia Social: ferramenta para construir outra sociedade. Campinas: Komedi, 2010. p. 7-24.

FERREIRA FILHA, Maria de Oliveira Ferreira; CARVALHO, Mariana Albernaz Pinheiro de. A terapia comunitária em um centro de atenção psicossocial: (des)atando pontos relevantes. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 232-239, 2010.

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação - uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1980.

FUENTES-ROJAS, Martha. Promoviendo salud en la comunidad: la terapia comunitaria como estrategia. Revista Facultad Nacional de Salud Pública, Colombia, v. 29, n. 2, p. 170-181, 2011a.

______. Psicologia e Saúde: a Terapia Comunitária como instrumento de sensibilização para o trabalho com comunidades na formação do psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 31, n. 2, p. 420-435, 2011b.

GARCIA, Sylvia Gemignani. A tecnologia social como alternativa para a reorientação da economia. Estudos Avançados, São Paulo, v. 8, n. 82, p. 251-275, 2014.

GIANINI, Reinaldo José et al. Prática de Rastreamento no Cenário do Programa Saúde da Família em Sorocaba (SP). Revista Brasileira de Educação Médica, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 15-22, 2008.

GIFFONI, Francinete Alves de Oliveira; SANTOS, Manoel Antônio dos. Terapia comunitária como recurso de abordagem do problema do abuso do álcool, na atenção primária. Revista Latino-Americana de Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. spe, p. 821-830, 2011.

GODOY, Maria Gabriela Curubeto et al. O Compartilhamento do Cuidado em Saúde Mental: uma experiência de cogestão de um centro de atenção psicossocial em Fortaleza, CE, apoiada em abordagens psicossociais. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 1, n. 1, Supl. 1, p. 152-163, 2012.

HORTA, Ana Lúcia de Moraes; CALDEIRA, Nicole Hannes. Terapia comunitária: cuidado com a família na perspectiva do graduando de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 165-171, 2011.

ITS. Instituto de Tecnologia Social. Tecnologia social: o que isso envolve? In: ITS. Instituto de Tecnologia Social (Org.). Conhecimento e Cidadania: Tecnologia Social. Vol. 1. São Paulo: Instituto de Tecnologia Social, 2007. p. 26-41.

ITS. Instituto de Tecnologia Social. Reflexões sobre a construção do conceito de tecnologia social. In: FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL. Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004. p. 117-134.

JATAI, José Martins; SILVA, Lucilane Maria Sales da. Enfermagem e a implantação da Terapia Comunitária Integrativa na Estratégia Saúde da Família: relato de experiência. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 65, n. 4, p. 691-695, 2012.

MERHY, Emerson Elias. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas: contribuições para compreender as reestruturações produtivas do setor Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 6, n. 1, p. 109-116, 2000.

MIRANDA, Nathália Aparecida Costa Guedes et al. Práxis interdisciplinar de cuidado em grupo de pessoas que vivem com fibromialgia. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 69, n. 6, p. 1115-1123, 2016.

MOURA, Samilla Gonçalves de et al. Representações sociais sobre terapia comunitária integrativa construídas por idosos. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 38, n. 2, p. 1-6, 2017.

NEDER, Ricardo. Tecnologia social como pluralismo tecnológico. In: JORNADAS LATINOAMERICANAS DE ESTUDIOS SOCIALES DE LA CIENCIA Y LA TECNOLOGÍA – ESOCITE, 7., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: RTS, 2008.

OLIVEIRA, Danielle Samara Tavares de; FERREIRA FILHA, Maria de Oliveira. Contribuição dos recursos culturais para a terapia comunitária integrativa na visão do terapeuta. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 32, n. 3, p. 524-530, 2011.

PADILHA, Cristina dos Santos; OLIVEIRA, Walter Ferreira de. Representação social do terapeuta comunitário na rede SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 8, p. 2211-2220, 2013.

PADILHA, Cristina dos Santos; OLIVEIRA, Walter Ferreira de. Terapia comunitária: prática relatada pelos profissionais da rede SUS de Santa Catarina, Brasil. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 16, n. 43, p. 1069-1083, 2012.

ROCHA, Ianine Alves da et al. A terapia comunitária como um novo instrumento de cuidado para saúde mental do idoso. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 62, n. 5, p. 687-694, 2009.

ROCHA, Ianine Alves da et al. Terapia comunitária integrativa: situações de sofrimento emocional e estratégias de enfrentamento apresentadas por usuários. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 155-162, 2013.

ROSO, Adriane; ROMANINI, Moises. Empoderamento individual, empoderamento comunitário e conscientização: um ensaio teórico. Psicologia e Saber Social, Brasília, v. 3, n. 1, p. 83-95, 2014.

SANTOS, Paula Renata Miranda dos et al. Ética em Pesquisa e a Terapia Comunitária Integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 48, n. Esp2, p. 155-161, 2014.

SOUZA, Aline de Jesus Fontineli et al. A saúde mental no Programa de Saúde da Família. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 60, n. 4, p. 391-395, 2007.

SOUZA, Janaina Medeiros de et al. Aplicabilidade prática do empowerment nas estratégias de promoção da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 7, p. 2265-2276, 2014.

VICTOR, Janaína Fonseca et al. Grupo Feliz Idade: cuidado de enfermagem para a promoção da saúde na terceira idade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 41, n. 4, p. 724-730, 2007.

Downloads

Publicado

2019-04-18

Como Citar

SILVA, N. E. K. e; PARO, C. A.; SILVA, M. V. da. TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA COMO TECNOLOGIA SOCIAL: AVANÇOS E DESAFIOS: INTEGRATIVE COMMUNITY THERAPY AS SOCIAL TECHNOLOGY: ADVANCEMENTS AND CHALLENGES. Revista Temas em Educação, [S. l.], v. 28, n. 1, p. 150–170, 2019. DOI: 10.22478/ufpb.2359-7003.2019v28n1.41848. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rteo/article/view/41848. Acesso em: 4 nov. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ - EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE