Um conto de Rubens Figueiredo: a narrativa onírica
Palavras-chave:
Fantástico, Construção do insólito, Sonho, VigíliaResumo
A narrativa fantástica, como assinala Irene Bessièrre, “provoca a incerteza ao exame intelectual, pois coloca em ação dados contraditórios, reunidos segundo uma coerência e uma complementaridade próprias”. Os dados contraditórios somados à ambiguidade, à dúvida, à presença de personagens introspectivas, estranhas, que procuram a autocompreensão na sua relação com o outro são alguns dos elementos recorrentes na prosa de Rubens Figueiredo. No conto “Os anéis da serpente”, objeto do nosso estudo, o vínculo incomum entre as vidas de duas personagens pelo sonho coloca o leitor diante de um impasse, uma vez que os limites entre a realidade e os estados oníricos do protagonista tornam-se cada vez mais tênues. As relações antagônicas e excludentes de dois níveis significativos de concretização das existências unem-se sob o signo de um anel em forma de serpente. A análise em questão examina os procedimentos de construção do referente buscando apreender o que é real, irreal ou especular em que medida a inversão dos atributos lógicos da percepção e da representação colocam em xeque as expectativas da leitura.
Downloads
Referências
BESSIÈRE, Irène. Le récit fantastique: forme mixte du cas et de la devinette. In: Le récit fantastique. La poétique de l’incertaine. Paris: Larousse, 1974, pp. 9-29. Tradução de Biagio D’Angelo. Colaboração de Maria Rosa Duarte de Oliveira.
CAMPRA, Rosalba. Territorios de la ficcion. Lo fantastico. Espanha: Renascimento, 2008.
CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos. 14. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1999.
FIGUEIREDO, Rubens. O livro dos lobos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1975.