Entre a cidade e o remanso, mulheres educadas e trabalhadoras: a representação da mulher em Correio da roça de Julia Lopes de Almeida
Palavras-chave:
Júlia Lopes de Almeida, Correio da Roça, Representação da mulherResumo
A produção literária de Júlia Lopes de Almeida é pouco conhecida devido, em grande parte, ao papel da crítica, tanto em relação à questão estética, quanto à sua postura, por vezes considerada inócua, diante dos direitos das mulheres. Apesar disso, alguns trabalhos têm o intuito de recuperar suas obras, buscando comprovar sua representatividade nas letras no final do século XIX/início do XX. Podemos perceber que sua vida como mulher escritora revelava, além de condições específicas da época, ideais e prerrogativas políticas e familiares que justificam seu posicionamento considerado muitas vezes afastado de demandas feministas. Entretanto, seu “feminismo possível” (LUCA, 1999) se evidencia em sua produção literária por preocupar-se com a situação das mulheres. Um exemplo é o romance Correio da Roça (1913) que retrata a vida de mulheres contada por elas próprias. Pode-se dizer que, num contexto em que temos o homem, branco, instruído como sujeito dos discursos, dar a pena a elas significou muito no momento histórico em que viviam. Ao representar e dar visibilidade às mulheres como protagonistas de uma história por elas contada, já que o romance é epistolar, a autora lhes assegura o direito de falar e de decidir os rumos de suas vidas diante de possibilidades que o trabalho e a educação poderiam trazer. Diante do exposto, interessa-nos entender de que maneira a escritora representa suas personagens femininas, buscando perceber como a obra coloca em sinergia contexto histórico, situação econômica, a vida de mulheres e suas relações com o mundo do trabalho e da educação.
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Referências
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