A escrita da voz em Clarice Lispector: Água Viva

Autores

  • Cristina Moreira Marcos PUC-MG

Palavras-chave:

Clarice Lispector, objeto a, voz, Lacan, Barthes

Resumo

Visamos caracterizar uma escrita da voz em Clarice Lispector a partir da teorização de Lacan acerca do objeto voz, como um dos objetos a destacados por ele. A voz é um elemento essencial do projeto clariciano. Desde seu primeiro romance, é possível destacar uma vertente do sopro e do grito em direção à qual a obra irá se conduzir, mesmo se esta orientaçao é mais perceptível em seus últimos livros, nos quais a narrativa e os personagens se reduzem cada vez mais. A voz é a preservação de uma certa oralidade; o acento colocado sobre a sonoridade das palavras a despeito do sentido; o rítmo e a pulsação das frases; o voto da escrita de se livrar das palavras e de alcançar a música ou traço da pintura. Esta escrita leva a linguagem ao seu limite exibindo uma deflação do imaginário, da narrativa para se afirmar enquanto ritmo, pulsação. A perspectiva de Lacan acerca da voz permite abordar este modo singular de inscrição da voz no texto. Agua Viva (LISPECTOR, 1973), um de seus últimos livro, exibe de modo contundente esta vertente da obra.

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Biografia do Autor

Cristina Moreira Marcos, PUC-MG

Psicanalista, Mestre em Literatura Brasileira pela UFMG, Doutora em Psicanálise pela Universidade de Paris 7, Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Minas.

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Publicado

18.12.2013

Edição

Seção

Artigos do Dossiê