Correspondências semióticas nas duas versões de Balada da Praia dos Cães
Palavras-chave:
Sem palavras-chaveResumo
As relações entre a literatura e as demais artes vêm de longa data, porém encontram sobremaneira, nos séculos XX e XXI, um terreno fértil para experimentações formais e semânticas. Nesse sentido, o diálogo entre a literatura e o cinema representa para a contemporaneidade um espaço de aproximações e reflexões no que tange à produção e à recepção estéticas, dada a profícua rede de inter-relações semióticas que se estabelece entre essas duas linguagens. Partindo desse encontro de códigos, este artigo debruça-se sobre o romance "Balada da praia dos cães", publicado em 1982 por José Cardoso Pires, o qual representa um marco na produção literária portuguesa, já que consolida o trabalho de renovação da narrativa policial iniciado em 1968 com a publicação de "O Delfim", para chegar até sua adaptação cinematográfica, levada a cabo em 1987 pelo realizador também português José Fonseca e Costa, cuja interpretação do romance, com título homônimo, demonstra uma atitude de releitura semiótica. Assim, este estudo busca colocar-se no intervalo dialógico entre romance e película, com vistas à compreensão da atualização do gênero policial na contemporaneidade.
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