Imagens da utopia medieval na construção do imaginário americano
Palavras-chave:
Utopias Medievais, Pré-utopia, Imaginário AmericanoResumo
Embora exista um número razoável de estudos sobre o Imaginário Americano e a importância da Utopia Medieval na sua construção, talvez não tenha se insistido o suficiente na categorização destas utopias como simultânea causa motora, justificativa e consolidação da conquista e povoamento de América. Será muito esclarecedora a classificação que Hilário Franco Junior apresenta nas suas Utopias medievais (1992) “utopia da abundância – a Cocanha, a utopia de Justiça - o Milênio, a utopia do sexo - a androginia e a utopia matriz - o paraíso” e que pode ser preenchida com as variadas utopias americanas que perseguiam os aventureiros europeus, desde o país de Jauja até Eldorado, desde a Cidade dos Césares até os domínios das andróginas (e cativantes) Amazonas. Ditos mitemas configuram o que Fernando Aínsa (1993) definiria como o pre-utópico que constitui as “linhas de força afetivas e intelectuais que conotam e anunciam a semântica e sintaxe do imaginário utópico ulterior”. O desenvolvimento de tais mitemas não se limita aos relatos orais ou escritos, mas se desenvolve decididamente através das imagens cartográficas que desempenham um papel inter-semiótico definitivo na constituição dessas utopias, no que Alfredo Cordiviola (2005) definirá como a “promessa das torres distantes: geografia e felicidade” “Uma imagem sempre manifesta um desejo, mas um desejo complicado pela memória". Conclui-se que “o exercício da imaginação é também uma atividade fundamentalmente política” (DIDI HUBERMAN, 2017, p. 1).
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Referências
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