A opressão materna em Selo das despedidas, de Heloneida Studart

Autores

  • Enedir Silva Santos UFMS
  • Kelcilene Grácia Rodrigues UFMS

Palavras-chave:

Narrativa, Autoria Feminina, Romance, Maternidade

Resumo

A figura materna resulta em um estereótipo moldado por sentimentos de zelo e abnegação. Este modelo é reforçado pelas mídias, pela religião e também pela literatura, principalmente a escrita por homens, que insistem em veicular a imagem de boa mãe, pois pela responsabilização – um dos pilares da sociedade – ocorre o incentivo à sedimentação de um dos lugares sociais ocupados pela mulher. Entretanto, a maternidade não é feita apenas de flores e do amor materno, como demonstra Badinter (1985); à literatura feita por mãos femininas, por meio da representação, como evidenciam Castello Branco e Brandão (1989), cumpre o dever de desconstruir essa ideia, revelando os lados positivos e negativos desse papel. Em Selo das despedidas, Heloneida Studart evidencia a opressão materna por meio da exposição da trajetória familiar das Nogueira de Alencar. Neste romance, evidenciamos as marcas da maternidade na criação das meninas-mulheres, pois se percebe que a opressão é repassada, sucessivamente, de mãe para filhas, o que incorre em transgressão e resistência uma vez que personagens distintas rompem a castração materna e social.

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Biografia do Autor

Enedir Silva Santos, UFMS

Doutora em Letras – Estudos Literários pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Diretora escolar da rede municipal de São José do Rio Preto, São Paulo

Kelcilene Grácia Rodrigues, UFMS

Doutora em Estudos Literários pela UNESP/Araraquara. Docente do Curso de Letras e do PPG-Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Referências

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Publicado

25.01.2019

Edição

Seção

Artigos do Dossiê