A opressão materna em Selo das despedidas, de Heloneida Studart
Palavras-chave:
Narrativa, Autoria Feminina, Romance, MaternidadeResumo
A figura materna resulta em um estereótipo moldado por sentimentos de zelo e abnegação. Este modelo é reforçado pelas mídias, pela religião e também pela literatura, principalmente a escrita por homens, que insistem em veicular a imagem de boa mãe, pois pela responsabilização – um dos pilares da sociedade – ocorre o incentivo à sedimentação de um dos lugares sociais ocupados pela mulher. Entretanto, a maternidade não é feita apenas de flores e do amor materno, como demonstra Badinter (1985); à literatura feita por mãos femininas, por meio da representação, como evidenciam Castello Branco e Brandão (1989), cumpre o dever de desconstruir essa ideia, revelando os lados positivos e negativos desse papel. Em Selo das despedidas, Heloneida Studart evidencia a opressão materna por meio da exposição da trajetória familiar das Nogueira de Alencar. Neste romance, evidenciamos as marcas da maternidade na criação das meninas-mulheres, pois se percebe que a opressão é repassada, sucessivamente, de mãe para filhas, o que incorre em transgressão e resistência uma vez que personagens distintas rompem a castração materna e social.
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Referências
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