De histéricas a ninfomaníacas: imagens da mulher e da sexualidade feminina na ficção brasileira da belle époque

Autores

  • Suzane Morais da Veiga Silveira UFRJ
  • Gilberto Araújo UFRJ

Palavras-chave:

Belle époque, Mulher, Sexualidade, Imagens, Histeria

Resumo

O final do século XIX e início do XX no Brasil assistiu à produção abundante de contos e romances que abordaram a relação entre indivíduo, sexualidade e sociedade. A mulher, concebida como detentora de uma condição doentia e de um temperamento nervoso, pareceu ser a tônica da formação de personagens mórbidas, monstruosas ou loucas, cuja possibilidade de manifestação sexual apareceu nas narrativas de forma tortuosa e mortificante em resposta à repressão do corpo. Desse modo, temos por objetivo analisar a aparição de heroínas histéricas em cinco personagens da prosa de ficção finissecular, de cunho simbolista e naturalista: Hortência (1888) de Marques de Carvalho; Ruth do conto “Caso de Ruth” presente em Ânsia Eterna (1903) de Júlia Lopes de Almeida; Dona Carolina ou Carola em Bom-Crioulo (1895) de Adolfo Caminha; Jessie do conto “Paixão Lésbica” presente em Torturas do dezejo (1922) de Carlos de Vasconcelos; e Pérola Marina do conto “Tempestades” de Gilka Machado. Entre frígidas e ninfomaníacas, essas imagens femininas revelam e contestam, sobretudo, o imaginário médico-cientificista da belle époque, dentro de um discurso que prescrevia as formas de uma sexualidade sadia, e entendia as mulheres como entes possuidores de um sistema neurológico demasiadamente suscetível à influência hereditária, familiar e, principalmente, do útero, o qual poderia, segundo a crença e o medo da época, dominar o cérebro, levando à histeria e à loucura.

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Biografia do Autor

Suzane Morais da Veiga Silveira, UFRJ

Doutoranda em Literatura Brasileira pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ.

Gilberto Araújo, UFRJ

Doutor em Letras Vernáculas pela UFRJ. Professor de Literatura Brasileira do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Publicado

25.01.2019

Edição

Seção

Artigos do Dossiê