Gilka Machado, poeta moderna
Palavras-chave:
Gilka Machado, Poesia moderna brasileira, Crítica literária feminista, Consciência poéticaResumo
Tomando por relevo as relações político-textuais e político-contextuais dos estudos literários, este artigo tem por objetivo interpretar poemas de Gilka Machado (1893-1980), cuja produção teve início naquele momento nomeado por alguns críticos historiográficos como pré-modernismo, um período de transição que reúne tendências conservadoras e renovadoras no início do século XX brasileiro. A poesia de Gilka Machado estabelece diálogos com essas tendências literárias, mas constrói uma voz poética muito própria, marcada por intensa carga de erotização e por reflexões sobre o papel social e cultural das mulheres – temáticas já amplamente estudadas pela fortuna crítica da autora, que podem ser bastante enriquecidas quando conjugadas à abordagem sobre a consciência poética que ela expressa em sua poesia. Exemplo significativo dessa comunhão de aspectos se encontra no poema “Lépida e leve”, publicado em Meu glorioso pecado (1928), cuja leitura interpretativa dos traços imagéticos, estilísticos e vanguardistas aponta-o em direção à poesia moderna de Gilka Machado em seu “momento futurista”, no sentido estudado por Marjorie Perloff a partir do termo cunhado por Renato Poggioli.
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