Entre quadros e ruínas: Mariana Luz, uma voz poética esquecida

Autores

Palavras-chave:

Mariana Luz, Poesia social, O Rosariense, Imprensa maranhense, Literatura brasileira

Resumo

O presente artigo analisa os poemas “Quadros” e “Ruínas”, publicados no periódico O Rosariense, em 1904, pela escritora maranhense Mariana Luz (1871-1960). Os poemas abordam a hierarquização de raça, de gênero e, sobretudo, de classe, apresentando como estética o simbolismo ao articular sons, imagens e sentidos para retratar a sociedade brasileira injusta do início do século XX. Mariana Luz, negra e do interior do Maranhão, rompe o seu local de pertencimento para levar ao país o sofrimento dos menos afortunados nas páginas da imprensa maranhense. Em vista disso, este texto, além de revisar a historiografia literária brasileira, analisa como Mariana Luz foi uma voz de resistência numa imprensa basicamente conservadora e patriarcal ao problematizar a relação de classe entre os sujeitos brancos e negros, homens e mulheres. Em outras palavras, uma autora que merece ser conhecida e valorizada tanto por sua qualidade estética quanto histórico-social.

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Biografia do Autor

Cristiane Navarrete Tolomei, Universidade Federal do Maranhão

Professora adjunto de Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus III. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PGLB/UFMA) na linha de pesquisa Literatura, Cultura e Fronteiras do Saber, e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult/UFMA) na linha de pesquisa Expressão e processos culturais. É graduada em Letras Português/Espanhol pela Universidade Estadual Paulista ? UNESP (2002), de São José do Rio Preto; Mestre em Teoria Literária também pela Universidade Estadual Paulista ? UNESP (2004), de São José do Rio Preto; Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo ? USP (2010) e Pós-doutora em Fontes Primárias e História Literária pela Universidade Estadual Paulista ? UNESP (2013), de Assis, e pós-doutora em Literatura e outras formas de saber pela Universidade de São Paulo ? USP (2015,2017). É líder do Grupo de Estudos e de Pesquisa Literatura, História e Imprensa (GEPELHI/UFMA), registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, desenvolvendo projetos de pesquisa em fontes primárias e expressões e processos socioculturais. É diretora do Centro de Documentação e de Pesquisa Maria Firmina dos Reis (CEMDOP/UFMA). Membro da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa - ABRAPLIP. Coordenou o Projeto de Extensão CineLetras/UFMA (2015-2016). Foi Membro da Equipa da Edição Crítica da Obra de Eça de Queirós (2012-2017), de Coimbra. Como experiência na captação de recursos, a docente já aprovou vários projetos de pesquisa pelo PIBIC-UFMA/CNPq/FAPEMA-UNIVERAL-EVENTOS. Atua na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, Literatura e Imprensa, Literatura e História, Recepção de documentos primitivos, Estudos Oitocentistas, Estudos queirosianos, decolonialidade.

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Publicado

11.01.2020