Entre quadros e ruínas: Mariana Luz, uma voz poética esquecida
Palavras-chave:
Mariana Luz, Poesia social, O Rosariense, Imprensa maranhense, Literatura brasileiraResumo
O presente artigo analisa os poemas “Quadros” e “Ruínas”, publicados no periódico O Rosariense, em 1904, pela escritora maranhense Mariana Luz (1871-1960). Os poemas abordam a hierarquização de raça, de gênero e, sobretudo, de classe, apresentando como estética o simbolismo ao articular sons, imagens e sentidos para retratar a sociedade brasileira injusta do início do século XX. Mariana Luz, negra e do interior do Maranhão, rompe o seu local de pertencimento para levar ao país o sofrimento dos menos afortunados nas páginas da imprensa maranhense. Em vista disso, este texto, além de revisar a historiografia literária brasileira, analisa como Mariana Luz foi uma voz de resistência numa imprensa basicamente conservadora e patriarcal ao problematizar a relação de classe entre os sujeitos brancos e negros, homens e mulheres. Em outras palavras, uma autora que merece ser conhecida e valorizada tanto por sua qualidade estética quanto histórico-social.
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