Intersecções Brasil-Nigéria: a representação da maternidade nas obras Um defeito de cor e The Joys of Motherhood
Palavras-chave:
Maternidade, Maternagem, Buchi Emecheta, Ana Maria GonçalvesResumo
A partir de estudos transnacionais (DAVIES, 1986) de feminismos africanos (NNAEMEKA, 1997; OYEWUMI, 1999) e de estudos interseccionais (HOOKS, 1984; HILL-COLLINS, 2002), o presente trabalho tem como objetivo uma análise comparativa da representação da maternidade negra em dois contextos distintos – Brasil e Nigéria – especificamente nas obras Um defeito de cor e The Joys of Motherhood, das escritoras Ana Maria Gonçalves (1970) e Buchi Emecheta (1944-2017). Nas respectivas obras, são narradas trajetórias de personagens femininas – Kehinde e Nnu Ego –, ambas inseridas em um contexto que vinculava a figura da mãe ao exercício de um ideal cultural monolítico, o da maternidade abnegada. As autoras problematizam tal construto cultural, oferecendo representações que confrontam e ressignificam a própria ideia do que seria o amor materno, em contextos de exploração escravagista, no caso de Kehinde, e de experiência colonial, em se tratando de Nnu Ego. Assim, Gonçalves e Emecheta desvelam novas possibilidades de representar e vivenciar a maternidade negra, realçando fatores como autonomia, cosmologia africana, agência e resistência. Embora ambas as escritoras escrevam a partir de contextos e continentes distintos, suas narrativas parecem oferecer uma desconstrução da representação da maternidade e das práticas de maternagem.
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