Wangrin: a caricatura do homem colonizado

Autores

  • Alice Botelho Peixoto Geed - Grupo de Estudos de Estéticas diaspóricas

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2021v23n3.60517

Palavras-chave:

Literatura africana, Pós-colonialidade, Identidade, Violência, Mali

Resumo

L’étrange destin de Wangrin ou les roueries d’un interprète africain (1973) é a obra tida como único romance do intelectual malinês Amadou Hampaté Bâ. A narrativa encena as peripécias do personagem título, desde sua ascensão como intérprete colonial até seu sucesso como empresário e finalmente sua derrocada, trapaceado pela amante ou pelo destino. A trajetória de Wangrin descortina os meandros da colonização francesa, no território do atual Mali. Neste recorte, procuramos demonstrar como a identidade de Wangrin é construída nesse intricado e violento momento que foi a colonização europeia em solo africano. Como metonímia do sistema político encenado, a identidade fragmentada pela violência colonial é reconstruída a partir de novas relações, assumindo características que desmancham a fixidez. Adotamos a perspectiva de leitura proposta pela teoria pós-colonial desenvolvida por Mbembe, Mata, Moura, entre outros pesquisadores, na esteira de seus predecessores Frantz Fanon e Albert Memmi, principalmente. Tal vertente de análise nos permite ir além das dicotomias da modernidade e periodizações puramente cronológicas, a fim de ampliar as possibilidades de expressão tanto da narrativa como estratégia literária, quanto do personagem em si, manifestação dessa estratégia enquanto caricatura de um homem possível. Ao inscrever a análise na vertente pós-colonial, é construída uma base argumentativa que acentua o conflito de epistemologias provocado pela presença do colonialismo europeu no território africano.

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Publicado

16.12.2021

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Seção

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