ESTRATÉGIAS TRADUTÓRIAS EM ALÁ E AS CRIANÇAS-SOLDADOS, DE AHMADOU KOUROUMA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10592331

Palavras-chave:

Literatura africana; Alá e as crianças-soldados; Allah n’est pas obligé; Ahmadou Kourouma; Tradução.

Resumo

O presente artigo propõe um estudo de caso da tradução brasileira do romance Alá e as crianças-soldados (2003), do escritor marfinense Ahmadou Kourouma. Inicialmente, serão tecidas breves considerações sobre a produção literária do escritor, a publicação de suas obras no Brasil e a inserção da língua malinquê na narrativa em questão. Quanto à análise tradutológica, será estudado o papel das notas de rodapé da tradutora Flávia Nascimento e, em seguida, dado o hibridismo linguístico e cultural que caracteriza o romance, será analisado se os vocabulários e as expressões oriundas da língua/cultura malinquê foram mantidas ou se as estratégias utilizadas pela tradutora incorreram no seu apagamento. Nesse contexto, para refletir sobre as negociações tradutológicas realizadas no texto de chegada, serão norteadores os conceitos de tradução estrangeirizadora e domesticadora, de Lawrence Venuti (2002), e as tendências deformadoras da tradução, de Antoine Berman (2007). A pesquisa mostrou que, ao subverter o português à norma e à lógica da língua/cultura malinquê, a tradução brasileira se distanciou de uma perspectiva domesticadora, em que os traços culturais e linguísticos da língua de origem são adaptados à língua/cultura de chegada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AUGEL, Moema Parente. A função simbólica e social da língua guineense na prosa e na poesia. In: SECCO, Carmen Tindó; SALGADO, Maria Teresa; JORGE, Silvio Renato (Org.). África, escritas literárias: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Angola: UEA, 2010. p. 39-51.

BERMAN, Antoine. L’épreuve de l’étranger. Culture et traduction dans l’Allemagne romantique. Paris: Éditions Gallimard, 1984.

BERMAN, Antoine. A tradução e a letra, ou, o albergue do longínquo. Tradução de Marie-Hélène Catherine Torres, Mauri Furlan e Andréia Guerini. Rio de Janeiro: 7Letras/PGET, 2007.

BONNICI, Thomas. Problemas de representação, consolidação, avanços, ambiguidades e resistência nos estudos pós-coloniais e nas literaturas pós-coloniais. In: BONNICI, Thomas (Org.). Resistência e intervenção nas literaturas pós-coloniais. Maringá: Eduem, 2009. p. 21-65.

CASANOVA, Pascale. A república mundial das letras. Tradução de Marina Appenzeller. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.

CASANOVA, Pascale. La langue mondiale. Traduction et domination. Paris: Seuil, 2015.

DIALLO, Elisa. Tierno Monénembo. Une écriture migrante. Paris, Karthala, 2012.

GASSAMA, Makhily. La langue d'Ahmadou Kourouma ou le français sous le soleil d'Afrique. Paris: Karthala 1995.

GENETTE, Gérard. Seuils. Paris: Éditions du Seuil, 1987.

HOUAISS, A. Novo dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: Nova Ortografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

KOUROUMA, Ahmadou. Allah n’est pas obligé. Paris: Seuil, 2000.

KOUROUMA, Ahmadou. Alá e as crianças-soldados. Tradução de Flávia Nascimento. São Paulo: Estação liberdade, 2003. (Coleção Latitude).

RAFAEL, Maria Teresa Rabelo; DANTAS, Marta Pragana Dantas. Literatura de língua francesa traduzida no Brasil: estudo de caso de uma editora independente. In: DEPLAGNE, Luciana E. F. C.; DANTAS, Marta P.; XAVIER, Wiebke A. (Orgs.). Tradução e transferências culturais. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2013, v. 1, p. 56-76.

RAFAEL, Maria Teresa Rabelo. Campo editorial e circulação da literatura de autoria africana de língua francesa no Brasil: um estudo de caso das estratégias de tradução em Alá e as crianças-soldados, de Ahmadou Kourouma. 2019. Tese (Doutorado em Literatura e Cultura) - Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2019. Disponível em: https://sigarq.ufpb.br/arquivos/201924203167d314341286a67f8d7430a/tese_de_M._Teresa_em_pdf.pdf. Acesso em: 22 set. 2019.

REIS, Luciana. Entendendo a Travessia: por uma tradução escrevivente. In: CARRASCOSA, Denise (Org.). Traduzindo no Atlântico Negro: cartas náuticas afrodiaspóricas para travessias literárias. Salvador: Ogum’s Toques Negros, 2017. p. 77-117.

VENUTI, Lawrence. Escândalos da tradução: por uma ética da diferença. Tradução de Laureano Pelegrin, Lucinéia Marcelino Villela, Marileide Dias Esqueda e Valéria Biondo. São Paulo: EDUSC, 2002.

Downloads

Publicado

20.03.2023

Edição

Seção

VOLUME "AHEAD OF PRINT"