ESTRATÉGIAS TRADUTÓRIAS EM ALÁ E AS CRIANÇAS-SOLDADOS, DE AHMADOU KOUROUMA
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2023v25n1.64596Palavras-chave:
Literatura africana; Alá e as crianças-soldados; Allah n’est pas obligé; Ahmadou Kourouma; Tradução.Resumo
O presente artigo propõe um estudo de caso da tradução brasileira do romance Alá e as crianças-soldados (2003), do escritor marfinense Ahmadou Kourouma. Inicialmente, serão tecidas breves considerações sobre a produção literária do escritor, a publicação de suas obras no Brasil e a inserção da língua malinquê na narrativa em questão. Quanto à análise tradutológica, será estudado o papel das notas de rodapé da tradutora Flávia Nascimento e, em seguida, dado o hibridismo linguístico e cultural que caracteriza o romance, será analisado se os vocabulários e as expressões oriundas da língua/cultura malinquê foram mantidas ou se as estratégias utilizadas pela tradutora incorreram no seu apagamento. Nesse contexto, para refletir sobre as negociações tradutológicas realizadas no texto de chegada, serão norteadores os conceitos de tradução estrangeirizadora e domesticadora, de Lawrence Venuti (2002), e as tendências deformadoras da tradução, de Antoine Berman (2007). A pesquisa mostrou que, ao subverter o português à norma e à lógica da língua/cultura malinquê, a tradução brasileira se distanciou de uma perspectiva domesticadora, em que os traços culturais e linguísticos da língua de origem são adaptados à língua/cultura de chegada.
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