A COMPADECIDA DE SUASSUNA: HUMANA, DIVINA E EMPODERADA(?)

Autores

  • Bruno Vinícius Kutelak Dias Uniandrade

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10592484

Palavras-chave:

Compadecida, Ariano Suassuna, feminino, empoderamento, religiosidade

Resumo

A posição da mulher no mundo ocidental é assunto dos mais discutidos até os dias de hoje, principalmente quando esse aspecto é observado sob o prisma da religião, em especial o Cristianismo. A literatura, como reflexo da sociedade, acaba por retratar em suas personagens os diversos papéis adquiridos, ou impostos, ao gênero feminino. No Brasil, entre uma infinidade de obras que giram em torno de tal temática, destacamos o Auto da Compadecida (1955), de Ariano Suassuna (1927 - 2014). Nela, o autor se utiliza da fé popular para montar um auto nordestino no qual o feminino sagrado e o profano se cruzam e nos permitem observar como cada um representa distintas características associadas a esse gênero. Neste artigo, nosso objetivo é analisar uma das figuras centrais dessa obra, a Compadecida, com o intuito de explorar sua relação com os demais personagens, especialmente em se tratando de como o feminino é caracterizado no âmbito religioso. Com base nas teorias de Barros (1998), Campbell (1990), Jurkevics (2004), Parker (1996), Tavares (2012), Trevisan (2017), analisaremos a relação de Maria, a Compadecida, com a fé popular, examinando como essa figura feminina alcançou uma posição de tamanho destaque e poder na religiosidade do povo. Entretanto, é possível depreender que, no universo cristão representado por essa peça, mesmo que o feminino, pelo menos sob sua forma sagrada, tenha recebido tal posição dentro do universo religioso, ainda é relegado a uma posição de subalternidade e seu empoderamento depende diretamente do controle masculino/patriarcal que comanda a fé católica.

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Referências

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Publicado

20.03.2023

Edição

Seção

VOLUME "AHEAD OF PRINT"