A POÉTICA DE GUILHERME MANDARO NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2023v25n2.66231Palavras-chave:
Geração mimeógrafo, Ditadura Militar, Guilherme Mandaro, contracultura, poesia marginal cariocaResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar a obra de Guilherme Mandaro (1952-1979) em seus aspectos estéticos e políticos no contexto da Ditadura Militar. Partindo do mimeógrafo e suas reverberações na memória e na literatura de uma geração, analisamos inicialmente o contexto no qual se deu a geração literária denominada marginal e, posteriormente, apresentamos o autor, considerado um dos principais precursores dessa produção nos anos 1970. O termo “marginal” dentro da poesia relaciona-se não a uma determinante classe social marginalizada, mas em relação direta aos meios de produção literária utilizada e sua concepção situada às margens dos cânones. Assim, ampliou os caminhos da arte em geral, descentralizando-a de antigos paradigmas, fruto do período de um imenso atomismo vivido em fins da década de 1960. A pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico se dá através dos rastros deixados pelo poeta em sua breve e intensa existência, perscrutados através de sua participação no coletivo “Nuvem Cigana” (1972-1980) e nas obras poéticas Hotel de Deus (1976) e Trem da noite (1979). Sua poética advém dos ecos urbanos originados do Modernismo brasileiro, da contracultura norte-americana, do rock, do carnaval de rua carioca, entre miríades de possibilidades advindas das experiências alçadas por essa geração. O poeta desvela o movimento literário marginal na contramão dos cânones oficiais da literatura, das formas de se fazer oposição à Ditadura Militar e, em uma perspectiva ampla, une-se à juventude contracultural do Ocidente, utilizando a poesia como artefato de contestação do sistema capitalista e tecnocrático.
Downloads
Referências
ANDRADE, Oswald de. Obras Completas VII. Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.
ARAÚJO, André Luís de. Poética brasileña contemporánea: de la poesía marginal hacia la poesía divergente. Caligrama, Belo Horizonte, v. 23, n. 1, p. 5-20, 2018. DOI: https://doi.org/10.17851/2238-3824.23.1.5-20
BARROS, Patrícia; ROST, Isis (org.). Transas da contracultura brasileira. São Luís: Passagens, 2020. DOI: https://doi.org/10.29327/518768
BARROS, Patrícia Marcondes de; GODOY, Maria Carolina; GUERRA, Paula. “Visões à margem e além mar”: A Literatura Marginal Brasileira na perspectiva de Heloísa Buarque de Hollanda e de Francisco Topa. Travessias, Cascavel, v. 14, n. 2, p. 7-14, maio/ago.2020. DOI: https://doi.org/10.48075/rt.v14i2.25503
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Companhia das Letras, São Paulo, 1992.
BOSI, Viviana. Poesia em risco: Itinerários para aportar nos anos 1970 e além. São Paulo, Editora 34, 2021.
BRAGA, Regina Estela. Imprensa Alternativa: apogeu, queda e novos caminhos. Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Cadernos da Comunicação: série Memória, 2005.
BRITO, Antônio Carlos de (Cacaso). Não quero prosa. Campinas: Editora da Unicamp; Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1997.
GALILEU. Como o mimeógrafo influenciou movimentos culturais. 2016. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Desenvolvimento/noticia/2016/08/ha-140-anos-thomas-edison-recebia-patente-do-mimeografo.html Acesso em: 04/05/2023.
CABAÑAS, Teresa. A poesia marginal brasileira uma experiência da diferença. Artifara. Revista de lenguas y literaturas ibéricas y latino-americanas. Dipartimento di Scienze Letterarie e Filologiche, n. 5, 2005.
GAY, Peter. Modernismo, o fascínio da heresia: de Baudelaire a Beckett e mais um pouco. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
GOFFMAN, Ken; JOY, Dan. Contracultura através dos tempos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
GONÇALVES, Daniel José. O desbunde como manifestação política: a identidade de gênero na obra de Ana Cristina Cesar. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa: Curitiba, 24 set. 2008.
HOLLANDA, Heloísa Buarque. 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Editora Labor, 1975.
HOLLANDA, Heloísa Buarque. Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde, 1960/1970. Rio de Janeiro: Rocco, 1980.
MANDARO, Guilherme. Hotel de Deus. Rio de Janeiro: Nuvem Cigana, 1976.
MANDARO, Guilherme. Trem da noite. Rio de Janeiro: Nuvem Cigana, 1979.
MEDEIROS, Fernanda Teixeira de. Artimanhas e poesia: o alegre saber da Nuvem Cigana. Gragoatá, Niterói, n. 12, p. 113-128, 1. sem. 2002.
OLIVEIRA, Rejane Pivetta de. Literatura marginal: questionamentos à teoria literária. Ipotesi, Juiz de Fora, v.15, n.2 - Especial, p. 31-39, jul./dez. 2011.
OLIVEIRA, Leonardo Davino de. Jeito de corpo: desbunde como resistência político-poética. Anais do XV Encontro ABRALIC. Rio de Janeiro, 19 a 23 de setembro de 2016, UERJ, Rio de Janeiro.
PEÇANHA, Dóris Lieth Nunes. Movimento beat - rebeldia de uma geração. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1988.
VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das letras, 1997.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Patrícia Marcondes de Barros, Marcelo Fernando de Lima
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.