ARTIMANHAS EDITORIAIS DAS MATERIALIDADES MARGINAIS:
DO MIMEÓGRAFO À ANTOLOGIA 26 POETAS HOJE
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2023v25n3.67089Palavras-chave:
poesia, materialidade, anos 1970, geração mimeógrafo, 26 poetas hojeResumo
Este artigo se volta para algumas publicações de poesia enquadradas no vasto rótulo “geração mimeógrafo”. Buscamos compreender a materialidade dessas edições como força-motriz que configura a marginalidade editorial e estética das produções situadas nos efervescentes anos 1970. Defendemos que, além dos sentidos marginais vinculados aos discursos presentes em obras de poetas como Chacal, Charles e Nicolas Behr, a materialidade editorial e a maneira independente de publicação e distribuição de seus textos potencializaram as escolhas estéticas de cada projeto artístico, desembocando em posturas não partidárias e/ou não programáticas dentre as manifestações literárias realizadas no contexto da Ditadura Militar brasileira. Ressalta-se que as produções marginais tiveram o mimeógrafo como alternativa primeira, para poetas que viviam a urgência de serem publicados e lidos, quando não contavam (de início) com o apoio editorial hegemônico. Assim, a materialidade editorial independente, manufaturada e autogerida foi parte constituinte da subversão das escritas dos poetas marginais do período estudado, tornando, de início, totalmente maleáveis ou inexistentes as fronteiras entre a poesia e a edição marginal. Quadro que se transformou mediante a publicação da antologia poética 26 poetas hoje (1976), organizada por Heloisa Buarque de Hollanda, dissolvendo a dicotomia tecnologia/manufatura e ajudando a abrir sendas não só no restrito espaço que as grandes editoras davam à “juventude do desbunde”, como também na crítica literária acadêmica que estranhava a produção artesanal e de baixo custo dos jovens poetas marginais e suas obras, que estavam, na gênese de sua veiculação, alheias ao mercado editorial hegemônico nacional.
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