A VERACIDADE DAS PERCEPÇÕES CLARAS E DISTINTAS: UMA ANÁLISE DA TEORIA EPISTEMOLÓGICA DE DESCARTES
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v12i1.54334Palavras-chave:
Epistemologia, Evidência, Clareza, Distinção, Certeza, IntuiçãoResumo
O presente artigo examina a teoria epistemológica de Descartes e coloca em relação duas teses aparentemente excludentes entre si. A primeira tese defende que, enquanto o sujeito cognoscente detém sua atenção a uma percepção clara e distinta não há possibilidade alguma da mesma ser falsa; a segunda afirma que, ao vigorar a hipótese do gênio maligno não se pode ter certeza nem mesmo das proposições que pareçam ser as mais evidentes. Mostra que a oscilação entre a indubitabilidade de uma evidência atual e a dúvida hiperbólica engendrada pelo gênio indica que a verdade das percepções claras e distintas remete ao tempo e ao modo como são percebidas. Defende que o antagonismo entre essas duas teses se dissolve ao se ter presente que as evidências atuais são fundadas na intuição pura e os conhecimentos que sofrem interferência da imaginação, da percepção sensível e da memória, somente podem alcançar um grau de certeza científica com a prova da existência divina.
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