CIDADANIA E SOBERANIA DIGITAIS PARA O USO EMANCIPADOR DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE FILOSOFIA:
POLITIZAR AS TECNOLOGIAS
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v15i1.70314Palavras-chave:
Tecnologias infocomunicacionais digitais, Cibereducação, Plataformização educacional, Cidadania digital, Soberania digitalResumo
As duas primeiras décadas do novo século confirmaram para mim a inevitabilidade do digital, não como fatalidade e, sim, como horizonte de constituição dos devires das existências humanas e não humanas. Esse artigo visa apresentar aspectos da pesquisa desenvolvida na interseção do campo da Filosofia da Informação com o do Ensino de Filosofia no que tange à discussão sobre as tecnologias infocomunicacionais digitais (TIs), que são condição necessária, mas não suficiente para o trânsito autônomo pelas infovias. O objetivo é discutir a cidadania e a soberania digitais no contexto da Cibereducação e da Plataformização educacional que avançam sobre as políticas e as práticas educacionais. Para tanto, serão destacados elementos presentes em conceitos como Dispositivo Informacional, Capitalismo de vigilância, Capitalismo de plataformas, Colonialismo de dados, tendo em vista a necessidade de politizar a compreensão e o uso das tecnologias digitais para que as possibilidades e os caminhos da educação para se viver criticamente no ambiente digital não se afigurem tão-somente como preparação para lidar com os aparatos tecnológicos digitais para a circulação e engajamento a serviço do capital. Sem politizar as tecnologias, ou seja, sem compreender os aspectos políticos, econômicos e histórico-sociais presentes nas TIs, os aparatos técnicos e seus funcionários (na expressão de V. Flusser) são capturados pela teia do deslumbramento descontextualizado.
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Referências
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