INVENTABILIDADE, TRAMAS E FIOS: A FORMAÇÃO DE TECELÂS MINEIRAS
INVENTABILITY, WEAVES AND THREADS: MINAS GERAIS WEAVERS' LEARNING
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2017v26n2.32990Palavras-chave:
Estudos Feministas, Educação Popular, Pedagogias, Trabalho de mulheresResumo
Este artigo é um recorte da tese de Doutorado defendida em 2015, intitulada: Fios, tramas, cores, repassos e inventabilidade: a formação de tecelãs em Resende Costa - MG. O objetivo principal da pesquisa foi o de analisar como ocorre o processo pedagógico da tecelagem manual desenvolvido entre as montanhas de Minas Gerais. Nesse local, a maioria das pessoas sobrevive da tecelagem manual, e a economia da cidade gira em torno da produção artesanal. Para analisar a complexidade dessas pedagogias, utilizamos o conhecimento produzido na América Latina, tendo como base a Educação Popular e os Estudos Feministas. A metodologia da investigação teve como base a pesquisa participante e a metodologia feminista, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, observação participante e diário de campo. A pesquisa empírica resultou em um vasto material: 126 páginas de entrevistas digitadas em espaço simples, 248 fotos, um caderno de anotações da observação participante, além de 32 páginas de repassos. Entre os resultados encontrados, constatou-se que o processo de produção artesanal compreende uma série de técnicas e de conhecimentos. Entretanto, por ser esse um conhecimento majoritariamente popular e das mulheres, a complexidade percebida pelo olhar de quem pesquisa parece desfazer-se na vida das artesãs e dar lugar ao invisível. Conclui-se, ainda, que um dos processos mais ricos na formação das tecelãs acontece por meio da experiência e do desejo de partilhar, uma pedagogia criada e desenvolvida pelas mulheres tecelãs ao longo dos tempos. Essa inventabilidade mantém a tradição da tecelagem, por meio de uma corrente viva, em que as artesãs mais experientes repassam seus saberes para outras mulheres que elas escolhem para ser as novas detentoras das técnicas do tecer. É preciso olhar para a experiência das mulheres, aprender com elas e conceber essas experiências como formadoras de aprendizagens que criam e (re)criam.
Downloads
Referências
BARTRA, Eli. Rumiando en torno a lo escrito sobre mujeres y arte popular. La ventana [online], Guadalajara, v. 3, n.28, p. 7-23, 2008.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2000.
CASTRO, Amanda Motta. Fios, tramas, cores, repassos e inventabilidade: a formação de tecelãs em Resende Costa - MG. 2015. 230 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Ciências Humanas. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2015.
CASTRO, Amanda Motta; ALBERTON, M.; EGGERT, Edla. Nísia Floresta. A mulher que ousou desafiar sua época: Educação e Feminismo. POIÉSIS - Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação (Unisul), v. 3, p. 46-55, 2010.
DUARTE, Cláudia Renata. A tecelagem manual no Triângulo Mineiro – história e cultura material. Uberlândia: EDUFU, 2009.
DUARTE, Rosália. Entrevistas em pesquisas qualitativas. Revista Educar, Curitiba, v. 24, n.24, 2004.
EGGERT, Edla. Educação popular e teologia das margens. São Leopoldo: Editora Sinodal, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1991.
______. Pedagogia da esperança. Um reencontro com a Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
GEBARA, Ivone. As epistemologias teológicas e suas consequências. In: NEUENFELDT, Eliane; BERGSCH, Karen; PARLOW, Mara (Orgs.). Epistemologia, violência, sexualidade: olhares do II Congresso Latino-americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: Sinodal, 2008.
KERGOAT, Prisca. Oficio. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Franloise (Orgs.). Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: Unesp, 2011.
LANZELOTTI, Gilberto. História da tecelagem artesanal no Brasil. Disponível em: <http://guiadecorar.com.br/posts/visualiza/1493>. Acesso em: 10 out. 2009.
MACEDO, Concessa Vaz de. A indústria têxtil, suas trabalhadoras e os censos da população de Minas Gerais do Século XIX: uma reavaliação. Varia História, Belo Horizonte, v. 22, n. 35, jan./jun. 2006.
______. A produção têxtil de fios e tecidos em Minas Gerais. Disponível em: <http://www.mao.org.br/fotos/pdf/biblioteca/macedo_01.pdf>. Acesso em: 20 de jan. 2012.
MAGNANI, José Guilherme C. Discurso e representação, ou de como os Baloma de Kiriwina podem reencarnar-se nas atuais pesquisas. In: CARDOSO, Ruth. A aventura antropológica: teoria e pesquisa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
MEDEIROS, Mitiko Kodaira. O segredo da trama: desvendando a comunicação na tecelagem popular brasileira. 2002. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Faculdade de Comunicação. São Paulo: Universidade Paulista, 2002.
NEUENFELDT, Elaine G. Diálogo entre a leitura popular e a leitura feminista da Bíblia. Disponível em: <http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/vol4502_2005/et2005-2i_eneuenfeldt.pdf>. Acesso em: 22 out. 2012.
______. Práticas e experiências religiosas de mulheres no Antigo Testamento: considerações metodológicas. Disponível em: <http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/vol4601_2006/et2006-1f_eneuenfeldt.pdf>. Acesso em: 22 out. de 2012.
NEUENFELDT, Eliane; BERGSCH, Karen; PARLOW, Mara (Orgs.). Epistemologia, violência e sexualidade: olhares do II Congresso Latino-americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: Sinodal, 2008.
PERROT, Michelle. Minha história sobre as mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
PEZZOLO. Dinah Bueno. Tecidos: História, tramas, tipos e usos. São Paulo: Editora SENAC, 2008.
SANTOS, Boaventura de Souza. Toward a new common sense: law, science and politics in the paradigmatic transition. Nova Iorque: Routledge, 1995.
SANTOS, Boaventura de Souza; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. Coimbra: CES, 2009.
SILVA, Tisa Devincenzi. O artesanato e o turismo no Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://amigonerd.net/trabalho/24735-o-artesanato-e-o-turismo>. Acesso em: 18 jun. 2012.
STRECK, Danilo. Entre emancipação e regulação: (des) encontros entre educação popular e movimentos sociais. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 44, maio/ago. 2010.
SENNETT, Richard. O artífice. Rio de Janeiro: Record, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).